E que ponto da vida viramos "adultos"? Com 17 anos "saí de casa" (ainda BEM sustentado pelos pais) para "viver sozinho". Falhei miseravelmente e voltei, agora com 19. Novamente na dependência completa, até os 24, quando alcancei a independência financeira. Aos 26 conheci o amor da minha vida. Nossa vida sempre foi estável, financeiramente falando.
Aos 34 anos voltei a estudar, impulsionado por um desejo de melhorar. Aos 37 me formei e aos 38 virei pai pela primeira vez. E aí a chave virou. Das minhas decisões não dependiam apenas eu e a esposa. Tinha uma menininha também, indefesa e dependente. Qual o motivo de ter demorado tanto para vir a tal da "maturidade"?
Nunca mais esqueci a chave, ou onde estacionei. Não virei mais madrugadas (com raras exceções). Comecei a investir para o futuro (embora tenha um patrimônio sólido, sem liquidez) e fazer planos para 10 anos ou mais. Me atualizei, consegui outro emprego, sempre pensando em um futuro melhor. E para completar aos 42 nasceu minha segunda filha.
Eu ainda tenho os sintomas de um TDAH não diagnosticado e controlado. Mas nada que "importa" ficou para trás mais. Não gosto de pensar em decisões do passado, pois o meu presente é lindo e qualquer mudança talvez modificasse essa situação tão boa, mas me pergunto se não poderia ter economizado tempo e ajustado para o futuro mais cedo.
Mas hoje, com a experiência de ser instrutor profissional, eu estou mais tranquilo. Sei que não adianta falar... Não adianta tentar convencer um aluno, cujos pais ou não chegaram ou nunca chegarão à estas conclusões, a ser diferente. É difícil. Somos espelhos do que vivemos até que nosso cérebro mature o suficiente, e às vezes nem isso é suficiente.
Mas há esperança. Nas minhas meninas. Elas vão ver um pai dedicado à um futuro distante, que se apropriou de conhecimento para dar à elas as oportunidades que elas puderem aproveitar, sem sacrifícios demasiados. Elas vão ler, vão planejar, talvez do jeito delas, mas estarão expostas à essa cultura de fazer mais com o hoje para aproveitar o amanhã. Vão ver uma mãe dedicada que cuida delas com excelência e um amor envolvente que nos cerca bem antes delas terem nascido. Vão ter a compania uma da outra, e a nossa presença incondicional.
É como olhar um filme muito bem produzido. Em que os principais atores são os amores da minha vida.