Comportamento, ciência, tecnologia, direito, política, religião, cinema e televisão, alguma controvérsia, algum bom senso, e um pouquinho de besteira, para dar um gostinho...

28 de jul. de 2013

Pseudociência e crença

Pseudociência é um dos meus temas favoritos de conversa.

Gosto de ver as pessoas defendendo conceitos que eles não entendem, e cujos arautos não tem a mínima formação para entender. O mais interessante é ver estes arautos vociferando conceitos de uma área de conhecimento como se fossem aplicáveis generalmente a todas as outras áreas existentes.

É praticamente um show de ignorância, literalmente o cego guiando o cego.

Alguns exemplos seguem:

Homeopatia, clamando ter efeitos com quantidades infinitesimais (ou inexistentes segundo cálculos com a Constante de Avogadro) de venenos diluídos, mas sem nunca ter provado efeito acima do placebo. Defendida por gerações de médicos, pessoas com formação, experiência e conhecimento.

Espiritismo, usando conceitos da física para justificar a existência incorpórea e a comunicação interdimensional entre consciências antes habitantes de nossa dimensão e nós.

Síndrome da Turbina de Vento, emprestando termos físicos para tentar justificar efeitos colaterais inexistentes em pessoas vivendo perto de turbinas de geração de energia eólica.

Programação Neurolinguística, usando termos técnicos de inúmeras ciências modernas, para tentar justificar que suas técnicas podem levar ao sucesso pessoal e profissional.

Note, todas são negócios bilionários que nunca foram provados ou comprovados, e que, pelo contrário, são constantemente revelados como falsos por diversos estudos. Se não existisse o efeito placebo, efeitos psicossomáticos, problemas de percepção e consciência, é provável que ninguém investiria tempo nisso. Mas investem. Aos milhões. É como se as pessoas fossem programadas para querer algo sobrenatural em suas existências, já que a existência material é tão sutil, limitada e finita.

No entanto, a maioria das pessoas que acha isso também não investe em sua existência (a única comprovadamente real e existente).

Como recentemente li em um artigo, em uma conferência sobre turbinas de geração de energia eólica, um senhor notadamente transtornado pede a palavra para, munido de um papel amassado, criticar os efeitos somáticos de infrassom, ultrassom e radiação eletromagnética. Não era uma pergunta, e portanto não foi respondida, mas o que chamou a atenção do palestrante foi que esse senhor, ao voltar para sua cadeira, acendeu um cigarro. Em uma tragada ingerindo dezenas de substâncias carcinogênicas que vão afetar diretamente sua saúde, modificar seu estado de consciência e prejudicar outras pessoas ao seu redor, poluindo o ar.

Quando uma coisa inofensiva causa preocupação, e outra notadamente perigosa soa inofensiva, há algo muito errado.

A negação das provas e inferências científicas gera esse tipo de problema. Todos os dias mães dizem a seus filhos que pegarão gripe se expostos ao frio. Quando sabemos que gripe é um vírus. Meu sobrinho me falou que sua mãe disse para ele não engolir as sementes da melancia, sob pena de ter crescendo dentro de si um pé de melancia. Minha nossa. Um outro amigo reclamou que tinha frieiras, mas ignora que frieira é um fungo, que precisa basicamente de calor, umidade e alimento para crescer, elimine um destes e se livre do problema. Em casos mais graves, a rubéola, doença praticamente erradicada, ressurge pois pais decidiram não vacinar os filhos, vítimas de um médico que falsificou uma pesquisa. E tem gente que ainda acredita nele, inclusive oferecendo asilo ao mesmo, nos Estados Unidos. Uma criança morre, a míngua, de diabetes, pois seus pais acham que consultar um médico tiraria a "Glória de Deus" sobre a cura, CERTA, de sua criança.

Todos os dias pessoas morrem, não por falta de atendimento ou condições, mas por ignorância. Em plena era da informação, pessoas decidem voluntariamente ignorar evidência e sofrem as consequências.

Enquanto isso, a crença leva milhares a jornadas longas, perigosas e cansativas. Pena não ver estes mesmo efeito com o que realmente interessa, avanço científico. O mais incrível é, enquanto criticam os cientistas, suas descobertas e suas implicações, as pessoas usam microondas, aparelhos celulares, TVs gigantes de LED e computadores avançados. Além disso dependem de serviços que se baseiam em tecnologias, que pouca gente entende, mas todos usam.

Eu menciono isso pois as pessoas clamam que a ciência exige tanta fé quando qualquer fundamentalismo, mas elas USAM a ciência e a tecnologia todo dia, são testemunhas do conceito que Richard Dawkins mencionou em uma palestra: IT WORKS, BITCHES! Funciona poxa! Se a ciência desenha um foguete, ele vai a lua, se ela desenha remédio, ele funciona, se ela manda radiação através do ar para que a dona de casa assista a novela, FUNCIONA! Eu não entendo todos os conceitos científicos que defendo, não tenho formação para isso, creio que a interdisciplinaridade que existe entre todas as ciências não permite e nunca permitirá "saber tudo", mas eu confio em quem usa o método científico pois ELE FUNCIONA! Mesmo não entendendo, eu sei que funciona, e posso usar e confiar.

Eu não confio no pastor, no padre, no papa ou no apóstolo. Mas eu confio nos cientistas. Eu confio em outras ciências também, todos os dias: medicina (ah, a aspirina), mecânica (sim, tenho carro), química (nada como usar pasta de dente e sabonete), física (afinal, uso a porta, e não a janela do segundo andar para sair de casa), etc.

O dia que o papa vier em minha casa e lavar a louça, ele terá mais utilidade do que toda a igreja católica já teve para mim... Enquanto isso, a ciência funciona! Sempre.

25 de jul. de 2013

Sony e smartphones

Eu era um fã da Sony.

Tive um X10 Mini Pro, um Xperia Mini Pro e por último estava usando um Xperia P. O X10 Mini Pro deu o que tinha que dar, foi uma fase ruim para a Sony, onde eles não sabiam exatamente como agir. O Xperia Mini Pro foi uma experiência mais gratificante, mas evidenciou alguns erros, que foram repetidos e piorados no Xperia P.

Hoje, de posse de um Motorola Razr D3, eu vejo que os problemas da Sony eram ainda piores. Na verdade eu tinha me acostumado com os defeitos terríveis. Agora, com um aparelho que funciona bem, vejo que foi um erro insistir com a Sony (mesmo depois de ter tido um Samsung S2 e de ter um Samsung Galaxy Tab 2 7'').

Primeiro, Sony e bateria. A Sony investe em design. O design dos smartphones da Sony só pode ser comparado aos da Apple. No caso, o Xperia P tem um corpo em alumínio, muito bonito, um design quadrado que valoriza os detalhes, e uma fita transparente separando o corpo da parte de baixo, onde ficam as antenas. O aparelho é muito bonito e chama a atenção. Mas tem uma bateria de 1350mah. Lixo. Não dura um dia inteiro. Nem com reza. Mesmo com tudo desligado, não dura. É ridículo. Além disso a Sony foi lidar com a bateria e inseriu modos diferentes, modificou toda a interface de uso de bateria do Android, então um belo dia fui ver e a bateria estava em 2%. Imediatamente desliguei WiFi, BT, 3G, GPS, tudo. Quando religuei a tela para ver a hora (e se o aparelho ainda estava ligado), me deparei com o mostrador em 13% de bateria. Que diabos é isso? O aparelho "ganhou" carga de onde? É porque a carga mostrada não é a carga real, é uma estimativa (WTF?). O modo "stamina" (tosco) simplesmente torna seu smartphone um dumbphone, e nem ajuda tanto na bateria pois a interface de telefonia da STEricsson (fabricante do chipset Novathor que embarca no aparelho) suga bateria como doida. E a bateria, pelo corpo de alumínio em peça única, não é removível. Ou seja, leve junto seu carregador, senão, vai morrer. Quando mais precisar.

Segundo, Sony e a tela. Como dito, tudo é design. E a Sony parece não ser fã de pagar royalties ou imitar outra empresa, ao invés do consagrado Gorilla Glass, ela primeiro metia uma tela de plástico, altamente propensa a riscos (X10 Mini Pro). Agora, eles colocam vidro mineral, muito bonito, mas acima do vidro, uma película anti-estilhaço (pois botar vidro em um smartphone é muito perigoso, se cair e voar, pode machucar mesmo). Só que a película em si risca. Muito fácil. Meu Xperia P riscou em 2 meses o suficiente para me fazer arrancar a película. Meu Xperia Mini Pro só não riscou pois sempre teve uma outra película aplicada. Agora os top de linha da Sony vem com o mesmo vidro mineral, na frente e atrás. E a mesma película maldita. Que risca. Que idéia Sony!? Gorilla Glass não risca. Simples assim. É muito bom. No S2 eu vi isso, e agora o Razr prova novamente a superioridade do material. Use o melhor, não o melhor que vocês podem produzir, Sony.

Terceiro, Sony e a garantia. Não sou o primeiro a falar isso. A empresa que presta assistência para a Sony no Brasil não inspira confiança. Meu smartphone apresentou um problema no slot de cartão SIM, mandei para lá, voltou com um PERDA DE GARANTIA, e 3 fotos mal tiradas dizendo que era mau uso. Tosco. E ainda FICARAM COM A PEÇA que eu mandei, que tinha soltado. Comprei a peça, vou trocar do meu bolso e DAR o aparelho. Prá me estressar chega o trabalho.

Dizem que as assistências no Brasil não são das melhores, mas eu espero que empresas grandes invistam nisso, caso contrário não usarei as marcas.

O negócio é fugir da Sony enquanto eles não mudarem a mentalidade.

19 de jul. de 2013

HTPC, discos externos, sata, e-sata, usb, cases RAID e problemas


Quando montei meu primeiro HTPC, ele era um notebook com defeito na tela, ligado a TV pela segunda saída de vídeo e usando um case de HD externo de 320GB com ventoinha e um transformador externo via USB.

Com o tempo o setup não serviu mais, além de ser um tanto lento (máxima leitura de 20mbps, escrita no mesmo nível), adquiri uma placa e-SATA expresscard (lembrando, era um notebook) e um case externo e-SATA duplo com 2 gavetas (um AMS Venus DS3RPRO com chipset Silicon Image 5744), além, claro de um HD clone de 320GB para espelhar.

Com o tempo 320GB era pouco, e resolvi investir em um novo case, desta vez com um setup de 1TB, o Venus tinha custado o olho da cara (500 reais, na época, era MUITO dinheiro), e cada HD custaria 200, então 1000 reais em um setup não era opção. Além disso, nenhum lugar no Brasil vendia o Venus (que eu anteriormente tinha achado no MercadoLivre). Adquiri então outro case USB/e-SATA baseado no mesmo chip (afim de usar o mesmo programa de monitoramento) mas mais barato e nacional.

Agora o setup estava mais ajeitado. Resolvi investir em um computador de verdade, adquiri um HTPC (sobre o qual já comentei aqui no blog mesmo) e implantei as mesmas características do notebook.

A essas alturas o HD externo da Venus, pelo uso constante (2 anos) começou a variar. Reiniciava do nada, começava a reconstruir o array e demorava nesta operação, chegando a travar o I/O do computador, gerando lag. Não demorou muito para ele começar a dar problema. A tranca de uma das gavetas quebrou (pelo que pode ser unicamente explicado por problemas com o material plástico e calor/tempo de uso). Logo depois o botão de ligar apresentou problema, então, muito desgostoso adquiri novo case externo, dessa vez um da Welland ME-580J (o que estava “em evidência” no MercadoLivre). Não demorou muito o outro case, nacional, também começou a dar problema, até parar de funcionar. Cases externos são hardwares enigmáticos. Não possuem saída de depuração, nem LCD e os LEDs são inúteis. Quando estragam, é impossível consertar e usar para outra coisa. Enfim, são descartáveis. O Welland ainda tinha uma vantagem, que era ser ligado direto na tomada (possuir fonte interna ao invés de um transformador externo). Acabei ficando com dois Wellands, um com espelho de 1TB e outro com espelho de 320GB.

Surgiu o Windows 8 e veio a decepção. O chipset que a Welland usa, um JMB352, não é uma maravilha e o W8 não reconheceu meus discos. Retornei ao W7 com um desgosto...

Lá se vão mais alguns meses. Os Wellands começam a enlouquecer. Perdem os discos, trancam o I/O, impedem o backup do Windows e meus programas de funcionar. Estresse. Tentei retirar do e-SATA apesar da diferença ridícula de velocidade, e funcionou mais uns meses, mas logo mesmo via USB começou a dar problema. Eu cheguei a conclusão que esses dispositivos são muito fracos, não são testados extensivamente e não são feitos para ficar ligados 24 horas.

Comecei a procurar alternativas. Meu gabinete extremamente slim não suporta mais discos internamente, então a única saída são cases externos, mas não queria mais depender dos chipsets, fontes externas (batatas) e RAID baseados em chipsets baratos e sem suporte (velhos)  que os cases apresentam. A solução seria um case externo que simplesmente alimentasse, refrigerasse e mantivesse os HDs no lugar, e eu usaria as portas SATA abundantes de meu HTPC para ligá-los. Fica esteticamente mais feio, mas tudo isso vai ser escondido atrás da estante mesmo.

Achei um case, de marca Addonics, o Mini Storage Tower. Basicamente um suporte em forma de torre para HDs, com suporte a diversas saídas, eu queria a que tivesse 4 saídas e-SATA. Enfim, teria que importar o produto, que não sai barato (em torno de 130 dólares), e pagar o frete astronômico (o produto é pesado) de mais 100 dólares. Impraticável. Pensei até em trocar de gabinete, mas investi muito tempo, pesquisa, e ele já faz parte da minha sala de estar.

A solução proposta por um amigo seria pegar esses cases Welland e tentar modificar eles para o que eu quero. Depois de muito ponderar resolvi abrir o que estava dando mais defeito e verificar, e era viável. A fonte interna fornece 12V, tem switch on/off próprio e é separada da placa, todos os painéis e placas são removíveis e não deixariam buracos visíveis. Tudo que eu preciso é de um circuito regulador de voltagem para converter os 12V em 5V necessários para os HDs, cabos de força SATA e cabos de dados longos SATA. Devem estar chegando em algumas semanas.