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7 de jun. de 2019

Paternidade 1 - A gravidez

Em setembro do ano passado eu recebi a maior, melhor e mais importante notícia que já recebi. Minha esposa estava grávida. Nada podia me preparar para a jornada, da gravidez até agora, quando a nossa Laura já está com 24 dias de vida, modificando completamente a nossa rotina.

Vai levar alguns posts, mas acho importante compartilhar o que vivi nesse período, e talvez agora seja a melhor hora para começar.

Quando você é homem e vai ser pai, a responsabilidade sobre sua esposa é gigantesca, desde a notícia até o nascimento, você é o suporte físico e psicológico da sua esposa. É uma tarefa hercúlea, mas o caráter de um homem que apoia a esposa enquanto ela espera sua prole é definido por sacrifício, presteza e empatia.

A gravidez balança todo o físico e psicológico da mulher. Pudera, dentro dela um novo ser humano está sendo criado. Você vai passar por altos e baixos, por reclamações e surpresas, por alegrias intensas e stress intenso. Mas acredite, nada disso é páreo para o que vem depois.

Para mim, pessoalmente, a pior parte da gravidez foram os primeiros 5 meses. A minha esposa é magrinha, de estatura mediana, mas mignon mesmo. Linda, inclusive. Ocorre que enquanto a Laura ainda era um feto, pesando menos de um quilo, a barriga continuava praticamente a mesma, e nenhum sinal externo do desenvolvimento da nossa bebê era visível. Isso é angustiante e me causou stress tremendo. Eu esperava ansioso pela próxima consulta com ultrassom, e perdi noites de sono pensando se tudo estava bem, até dezembro, quando iniciaram os primeiros chutes e movimentos. Alia-se a isso os desconfortos da esposa, e um coquetel de impotência se forma. Enjoo, vômitos, doenças (pegou duas viroses e um resfriado) sem poder usar remédios. Quando a esposa convalescia, coube preparar refeições, cuidar dela, prestar todo o atendimento e atenção necessário, todo o tempo. Sem exceções. O psicológico da gestante é seu gestor. Tudo que acontece psicologicamente com ela pode afetar sua saúde, e consequentemente, o desenvolvimento do bebê.

A partir daí, aconteceu uma coisa interessante. Antes era angustiante não saber nada sobre o desenvolvimento do bebê, e agora haviam sinais claros de seu crescimento. Todos os exames estavam retornando normais, a saúde do bebê estava muito bem. Agora, os sinais externos da gravidez afetavam o bem estar da esposa. Inchaço, cansaço, roncos, desconforto... Isso se arrastou até o final. Eu feliz com o desenvolvimento da nossa pequena, e a esposa sofrendo com os sintomas. Angustiante, já que eu esperava os sinais enviados pela nossa pequena na barriga, mas tinha até receio de comentar, já que alguns desses sinais causavam terríveis sintomas na mamãe.

Eu li bastante durante a gravidez, sobre tudo, bebês, mães, cuidados. No final, a lição mais importante dos livros foi: você não serve para grande coisa. Quando digo "você", me refiro ao pai. Não atrapalhar é a maior ajuda que um pai pode oferecer. E embora seja uma negativa, não atrapalhar é também modificar completamente sua rotina para adequar a nova dinâmica. Isso inclui atribuições positivas. Os pequenos "deslizes" que poderiam acontecer com um casal jovem e com tempo e empolgação nas mãos podem causar stress intenso na conturbada mudança que envolve um casal de pais com um recém nascido.

As tarefas que antes eram executadas pela esposa integralmente, seja ela do lar ou trabalhando fora, não são mais exclusividade dela. A barriga atrapalha sim, muda o centro de gravidade. O pai deve assumir as tarefas domésticas, e para isso é necessário que ele se prepare durante a espera. Se envolva e descubra tudo que sua esposa faz com exclusividade, isso será totalmente carga sua, na eventualidade de uma cesárea (pela limitação imposta pela cirurgia) ou parcialmente (no caso de parto normal ou adoção).

As mudanças fisiológicas causam sensações estranhas na mulher. Choros incontroláveis, mudanças de humor, dúvidas repentinas. Ser positivo, assertivo e disposto é essencial. Não é fácil, você tem suas próprias dúvidas, suas inseguranças, mas acredite, isso tudo é irrelevante perante o que acomete a mulher. Então aperte os cintos, aguente firme e siga viagem.