Comportamento, ciência, tecnologia, direito, política, religião, cinema e televisão, alguma controvérsia, algum bom senso, e um pouquinho de besteira, para dar um gostinho...

19 de ago. de 2008

Finitude, natureza

Ótimo título. Creio que prendi sua atenção por um tempo.

Este post deriva de diversas conversas, com diversas pessoas. Se eu expressar a opinião de alguém aqui e não mencionar o nome, por favor, não se sintam ofendidos. Não é como se eu fosse ganhar dinheiro a partir disso.

Somos finitos. Pronto, eu disse! Se somos finitos, quer dizer que nascemos, crescemos, vivemos nossas vidas, e MORREMOS. A morte é uma consequência natural da vida e o fim imutável de uma existência. FIM! Sim! Mesmo que juntássemos todas as teorias malucas sobre dimensões, sobre energia, matéria e as infindáveis discussões sobre este universo, sobre outros, não poderíamos achar diferente. Mas espere um pouco... Muita gente acha! Reencarnação, possessão, espíritos, anjos, demônios, etc. O ser humano tem medo da morte, é um fato. Aliado a progressão do pensamento humano, da própria evolução da espécie, afim de explicar tudo que é difícil demais de conceber. O medo que sentimos desde que tomamos consciência de nossa existência gerou mitos, crenças que sobreviveram durante gerações. Para aplacar o medo da morte, da finitude essencial humana, diversos artifícios foram criados, e destes artifícios nasceram as religiões. O conceito primordial de uma religião é o pós-vida. O que acontecerá depois que morrermos.

Pode ser sim, que uma energia superiora à tudo, mesmo a nossa vaga compreensão de universo, possa conservar nossa consciência fora de um corpo físico. Digo isso impulsionado por uma convicção herdada desde gerações anteriores, numa tentativa de mesclar o que eu quero acreditar com o que eu acredito mesmo. Muita gente faz isso. Mas daí a dizer que continuamos nossa existência, que podemos influenciar na vida dos vivos depois da morte. Que vamos reencarnar. Não, desculpem.

Como diz meu velho pai: morreu, fedeu! Morte é isso, é dormir sem acordar, é deixar de existir. Se um grande Poder Superior é capaz de reverter isso, pode ser. Mas daí a crer que espíritos nos rondam e estão entre nós, me poupem.

Para acreditar nisso, é necessário um antropocentrismo extremo. Acreditar que não só somos os únicos serem com consciência neste planeta, mas também os únicos com espírito, com alma. Os únicos dignos de voltar e viver outra vida. É acreditar que somos melhores que todos os outros seres vivos na natureza só porque podemos dizer isso um ao outro. É acreditar que a natureza não existe, e não tem as mesmas regras para todos os habitantes desse planeta. É erguer o pedestal dourado reservado aos humanos, que nem de longe o merecem. Caso contrário, pisar numa formiga é horrível, afinal, matamos um ser. Onde será que ele vai reencarnar. Será que aquele mosquito não era um parente distante? Aviso aos navegantes: o ser humano não é tão bom assim, que mereça um privilégio como este. Não fomos criados a imagem e semelhança de algo tão superior que só pode ser parecido conosco. O que aconteceu foi o contrário. O ser humano, em sua vaidade e crença, construiu um Poder Superior à sua imagem e semelhança. Será que esta energia universal poderosa precisa ter um rosto?

O bem e o mal, como os concebemos, são um resultado psico-social. São reflexos de nossos medos e angústias, do ambiente e dos costumes. Basta ver que em diferentes partes do mundo, o bem e o mal tem diferentes sentidos. Pecado mortal matar aquela vaca na índia. Me manda mais um hamburguer nos EUA. Maldade = socialmente reprovado, bondade = empatia humana. Por que motivo deveria a natureza, implacável, soberana e poderosa, se ater a estes conceitos humanos. Todos, em sua existência, já se perguntaram: qual a razão do sofrimento inocente? Não existe razão. Existe apenas um frágil equilíbrio natural, onde este planeta nos sustenta enquanto espécie, e existe a natureza depravada humana, que cria as atrocidades. Uma carga de adrenalina no cérebro, e um ser humano pode matar, revelando sua natureza básica e instintos. Alguns componentes químicos são tudo que nos separa de nossa natureza animal, selvagem, sobrevivente. É o mecanismo que a natureza implantou para nos manter vivos. Defeitos acontecem, erros acontecem, a natureza erra, o ser humano erra. É a maneira encontrada pela natureza de criar, inovar, e quem sabe, dar certo. Isso é evolução.

A mesma natureza que pode ser a beleza do sol, ou a destruição de um vulcão. A serenidade de uma brisa, e um poder de um furacão. A mesma natureza que engloba, sem pudor, tudo que amamos ou odiamos. A vida, e a morte. O bem, e o mal. A mesma natureza que, embora nunca venhamos a admitir, nos domina. E todos estes séculos lutamos para ganhar dela. Até vir o Tsunami, ou o terremoto. Ou até que a natureza torpe e distorcida de alguns humanos destruam e matem. E venham as Guerrras.

Pensem sobre isso...

PS: Em breve, post sobre ecologia.

Opiniões, ou "só sei que nada sei"

Eu tenho orgulho de dizer que não sei muita coisa. Muitas pessoas ao redor do mundo e ao meu redor mesmo com certeza tem um conhecimento da vida muito maior do que eu, e portanto, muita gente pode dizer com certeza que eu sou um ignorante por expressar estas opiniões. Mas eu tenho consciência disto. Tenho consciência que coisas que eu defendia 2 anos atrás agora eu sou contra. Tenho consciência da hipocrisia de algumas de minhas palavras, e acima de tudo, não vou tentar me defender do que disse antes.

Eu tenho consciência de que a cada dia, meu pensamento pode mudar, e o que era certo ontem passar a ser errado. Qualquer um que tenha um pouco de experiência de vida sabe que não é o dono da verdade, e que com o tempo a sua mente encara as coisas com plenitude e pode vir a decidir diferente sobre quase tudo. E qual o motivo de escrever isso? É que eu sei que em alguns anos, quando estiver mais velho, mais experiente, talvez com filhos, talvez com uma visão de mundo mais ampla ou simplesmente diferente, eu possa rever estes conceitos.