Comportamento, ciência, tecnologia, direito, política, religião, cinema e televisão, alguma controvérsia, algum bom senso, e um pouquinho de besteira, para dar um gostinho...

26 de out. de 2014

Eleições e a situação atual

No jogo do poder, nossa única arma são as urnas. Nossa democracia inicia e termina no voto, nossa única ferramenta de controle, única arma contra corrupção.

Ao executivo e legislativo é dado enorme poder quando eleitos, embora a oposição sempre exista, ao longo do tempo o tráfico de influência torna confortável a estadia no poder. Dilma provou em sua campanha que está preparada para fazer o impossível para ficar no poder, e todo mundo sabe para que serve isso. Para manter o assento aquecido para o Lulinha paz e amor.

Aparelhando o Estado com seus apadrinhados e corruptos, em todos os escalões, esse grupo de facínoras criou uma extensa rede de corrupção, que só foi desmantelada pois surgiram os delatores. Quando um "grandão" tenta se safar de qualquer maneira, arrasta consigo toda a podridão que infecta nosso governo atual. Qual seria o motivo destes delatores surgirem? O sapato apertou, e político nega até a morte, mesmo sob pressão, mesmo com todas as provas do universo contra eles. Negam. Sem seus "padrinhos" resta ao investigado fazer um acordo com o outro lado. Eu me safo, vou viver minha vida, e o resto que se dane. Quanto mais mídia, melhor, quanto mais falar, melhor. Quanto mais exposição, menor a probabilidade de um atentado, um "acidente" pois os responsáveis por sua segurança não querem holofotes.

Agora, a podridão está saindo pelo ladrão, e ainda assim, o populismo é forte, e consegue votos. Mas quem paga a conta, para variar, é a classe média. Os super ricos ficam cada vez mais ricos. Os Eikes e sua prole são intocáveis. Enquanto isso, a classe média paga a conta.

Conta essa que não demora a estourar. É uma conta simples pessoal: se a inflação volta não tem como reajustar os benefícios governamentais sem ir para o vermelho (já estamos no vermelho, então, afundaríamos na lama). A inflação não volta pela intervenção estatal, que suga os mesmos cofres que pagam os benefícios. É uma torneira pequena para muitos ralos, e um círculo que fecha na mesma conclusão: o colapso da economia.

Não estou dizendo que trocar de partido vai ser a solução. O Plano Real exigiu a antipatia de meio mundo e a fervorosa contrariedade dos que hoje mais colhem os benefícios do mesmo. Estou dizendo que precisamos de um plano. E distribuir dinheiro não é um bom plano. O país não tem como fiscalizar estes recursos, e mesmo que tenha, os apadrinhados do governo varrem para debaixo do tapete as falcatruas feitas com nosso dinheiro.

Muito tempo atrás fui convencido que o Bolsa Família é necessário. Mas é necessário também fiscalizar e criar critérios. Tem gente SIM fazendo mais filhos para ganhar bolsa. Tem gente SIM vendendo seus documentos e assinaturas para conseguir Minha Casa Minha Vida para endinheirados especularem os imóveis, vendendo e indo morar de aluguel novamente, servindo de laranjas. Tem gente evitando o mercado de trabalho formal pois perde os benefícios, e caindo na obscuridade do assistencialismo e trabalhando "por fora". Tem gente SIM vendendo os móveis e eletrodomésticos do Minha Casa Melhor com preços absurdos, e gente revendendo após comprar para ganhar lucro. Isso é inadmissível, e se fosse punido, seria mais difícil, mas não é.

Precisa exigências de profissionalização, fiscalização do uso dos recursos e principalmente, PRAZOS. Não dá para viver a vida inteira de assistencialismo. Alguém paga a conta.

Precisa investir em infraestrutura, em educação. Não em estatísticas positivas, mas em educação de verdade. Cotas seriam desnecessárias se as escolas públicas fossem tão boas quanto as particulares. E se alimentar a criança e não os ímpetos dos pais, o país alcançaria, em 12 anos, patamares inacreditáveis. Mas não é isso que está acontecendo. Passam analfabetos para a universidade, com desistência absurda, para não criar estatística negativa. Cotistas despreparados se formam em universidades medíocres em cursos cujo mercado está saturado, pois não tem outra opção. E temos um bando de analfabetos funcionais.

Sei que muita gente não vai concordar com o que eu escrevi, mas precisava dizer o que penso. Se o governo mudar, a oposição aparelhada vai usar de todos os seus (enormes) recursos para fiscalizar a gestão atual. O que pode ser melhor que isso? Enquanto isso a situação se prepara para perder a próxima para o populismo, e fiscalizar com mais afinco seus adversários. Quem ganha é a democracia. Somos nós. Agora, se a coisa se mantiver assim, a dívida vai ser paga por todos. A inadimplência, a inflação e os juros atingirão exatamente quem mais depende dos programas governamentais. E o país entrará em uma época sombria.

25 de out. de 2014

Discos, backups

Para fins didáticos, não vou entrar na óbvia semântica. Discos aqui referidos são unidades de armazenamento. Até pouco tempo, discos eram as melhores mídias de armazenamento, por terem a maior superfície aliada a menor quantidade de movimento necessária para acessar toda esta superfície de um ponto fixo.

Acho que é importante também demonstrar que possuo um certo conhecimento sobre unidades de armazenamento. Sempre fui muito curioso sobre isso, e embora não tenha vivido a época dos cartões perfurados, a história do armazenamento de dados sempre me fascinou. Dito isso, eu comecei na informática com os floppies (geralmente 3 1/2 polegadas), e depois disso as unidades óticas dominaram o mercado em termos de armazenamento removível.

Em termos de armazenamento fixo, os discos rígidos (HDDs) marcaram essa década de experiência que vivi. Recentemente, os discos removíveis USB (flash drives ou pendrives) tomaram conta das mídias removíveis, de forma que prevejo a morte total das unidades óticas em um futuro muito próximo. Os discos rígidos também estão com os dias contados, dando lugar aos Solid State Drives (SSDs), mas permanecerão como unidades de backup por bastante tempo, devido a tendência dos SSDs terem ciclos de escrita limitados.

Você só se dá conta da importância dos seus discos quando perde um. Sem backup. Eu me tornei meio paranóico nesse sentido ao longo dos anos. Hoje tenho backups diversificados e investi um bom dinheiro em hardware e software de backup.

Já tive a experiência de perder o sistema inteiro, ou um documento importante. Incontáveis vezes auxiliei outros  a recuperarem informações importantes perdidas por não existirem cópias de segurança. Hoje nossa vida está online ou armazenada em um computador, e poucas pessoas percebem a fragilidade do armazenamento de dados se não trabalham com informática. Você pode viver sua vida sem nunca ter uma falha catastrófica de hardware que ocasione a perda completa de seus dados. Mas só precisa uma dessas para a gente entrar em desespero.

Recentemente uma "onda" de falhas catastróficas no local onde trabalho levou a troca de uma dezena de discos via garantia. Em um ambiente corporativo, com servidores em rede provendo arquivos, sistemas de redundância embutidos nesses servidores e restaurações possíveis inteiramente via rede, não é tão ruim assim. O usuário não mantêm nada importante no disco local, e sim na rede (onde existem backups) e seu disco é considerado volátil e passível de falha. Em caso de falha, substitui-se o hardware e em 1 hora o sistema recuperado já está pronto para uso corporativo.

Mas em casa não é bem assim. Geralmente temos um disco, e nesse disco todas as fotos, vídeos, histórico, documentos, produção profissional. Mesmo que tenhamos mais cópias, elas geralmente não estão atualizadas ou não possuem redundância também, sendo sucetíveis a falhas.

Acreditem, ninguém gosta de perder dados. Investir em um sistema de cópia de segurança é fácil, pode ser meio custoso e precisar de ajuda profissional, mas não é difícil.

9 de out. de 2014

A Improbabilidade de escrever este texto

Eu já abordei vários pontos filosóficos aqui. Cheguei a falar sobre o acaso e tenho no mural sempre uma lembrança do privilégio que é estar vivo, saudável e sem carências, e o privilégio maior ainda de ter consciência e poder ler, escrever e entender. Tempos atrás falei sobre morte em uma reflexão sobre idade. Mencionei que não é algo "feio" ou "obscuro" contemplar a nossa própria finitude. Hoje vou um pouco mais longe, falar sobre improbabilidade.

Quando falei sobre morte, lembrei de um texto de Richard Dawkins:

“Nós vamos morrer, e isso nos torna afortunados. A maioria das pessoas nunca vai morrer, porque nunca vai nascer. As pessoas potenciais que poderiam estar no meu lugar, mas que jamais verão a luz o dia, são mais numerosas que os grãos de areia do deserto. Certamente esses fantasmas não nascidos incluem poetas maiores que Keats, cientistas maiores que Newton. Sabemos disso porque o conjunto das pessoas possíveis permitidas pelo nosso DNA excede em muito o conjunto de pessoas reais.  
Apesar dessas probabilidades assombrosas, somos eu e você, com toda a nossa banalidade, que aqui estamos… Nós, uns poucos privilegiados que ganharam na loteria do nascimento, contrariando todas as probabilidades, como nos atrevemos a choramingar por causa do retorno inevitável àquele estado anterior, do qual a enorme maioria jamais nem saiu?”

Veja bem, esse texto não se refere em nenhum momento a espiritualidade, embora use a palavra "fantasma" como uma referência a algo que não existe (ainda). A reflexão feita no texto poderia ser assunto de um discurso muito maior, mas nestes curtos parágrafos existe uma realização incrível: somos sortudos. As pessoas gostam de substituir sorte por benção, numa clara visão teológica, e elas podem fazer isso, desde que os "azarados" também sejam mencionados. A inocência manchada pela dor explicada pelo acaso é bem mais plausível que uma herança anterior ou recompensa posterior. Esse assunto também dá pano para mangas, portanto vou voltar aqui ao principal.

by humonon devianart
A cada dia a física descobre novas informações sobre como o universo (e nós) surgimos. Com "nós", me refiro a espécie, pois cada indivíduo na espécie é tão especial e improvável, pelo motivo citado por Richard: a imensa quantidade de combinações de DNA. Soma-se a isso a experiência que nos forma desde o nascimento, tornando mesmo gêmeos idênticos em indivíduos diferenciados.

De um big bang, a matéria surge, as estrelas começam a "trabalhar" esta matéria como gigantescas fornalhas, tecendo os elementos diferenciados que, após sua explosão, vai se juntar em nuvens. Estas em planetas, e estes, se estiverem no lugar correto, eventualmente atingirão uma temperatura favorável a formação de compostos químicos, estes se juntarão em combinações cada vez mais complexas, ao longo de MILHÕES de anos. O problema dessa teoria é exatamente esse: o tempo. O ser humano se sente especial e portanto acredita que tudo tem que ter sido feito para ele. Pobre ser humano, perdido em seu egocentrismo (confira o cartoon ao lado).

Veja bem, a sequência de eventos que NÃO levaram a formação da vida, e em última instância, a VOCÊ, é toda a outra possibilidade em incontáveis sequências de incontáveis eventos em um espaço de tempo tão grande que força a imaginação. Todos os outros lugares no universo, do qual o nosso PLANETA é menos que um grão de poeira (e nele eu e você também somos pequeninos) não tem um você, nem um eu. Nem nada remotamente parecido, provavelmente.

Vamos tentar reduzir a escala, para não forçar tanto e depois aumentar ela novamente, para situar-nos melhor. O fato de você poder ler e interpretar esse texto, em nosso planeta, já é uma improbabilidade. Nesse século de computadores, internet, cidades e governos não teocráticos, despóticos e/ou tiranos, essa liberdade é uma dádiva. Se você, como eu, é brasileiro, vive em um país que não possui guerras contra outras nações, não tem terremotos, tornados ou tsunamis. Nossas tragédias continuam tragédias, mas se você não foi atingido por uma enchente, chuva de granizo ou até um raio nos últimos tempos, não dá para mensurar a sorte!

Se não foi assaltado, tomou uma bala perdida ou está acima da linha da miséria, quisera, na classe média! Que privilégio, que tempo ótimo para se viver, que canto espetacular do planeta para se criar um filho, que planeta incrível, cheio de vida, em uma localização tão privilegiada em nosso sistema solar.

Quando você se lamentar da vida, pense em quem não viveu, e quem vive em condições deploráveis, aqui mesmo, em nosso pequeno grão de poeira suspenso no universo. Pense nos excluídos, párias e perseguidos. Nos deficientes, sobreviventes e ignorantes. E passe a viver sua vida sem nunca mais tirar isso da cabeça. Pense também que atingir de forma positiva ao menos UM destes seres como você, ou providenciar a outra pessoa uma felicidade, apenas uma, mesmo que momentânea, também é uma improbabilidade, e fique feliz com as coisas que chegam a você.

7 de out. de 2014

Virtualização, Linux e o futuro da Informática

Essa semana um projeto engavetado por muito tempo saiu da gaveta. Temos um pequeno servidor que roda, entre outras coisas, um serviço de HTTP. Esse servidor é na verdade um notebook antigo (Pentium 4, 512 MB de RAM, 40GB de HD) que estava "encostado" alguns anos atrás. Foi "ressucitado" instalando nele o Linux (utilizei o Gentoo) e funcionou muito bem, por alguns anos, até que resolveu começar a encrencar.

Esse tipo de hardware antigo é sucetível a problemas físicos (calor principalmente), e ele ficava ligado literalmente 24/7, então o problema é exacerbado pelo constante funcionamento das ventoinhas, que acumulam poeiras nos dutos, o que faz com que os heatpipes não conduzam tão bem o calor para fora do notebook. O acúmulo de calor, o desgaste de componentes físicos como o HD e o fato de ficar largado em um canto fazem com que, eventualmente, essa máquina padeça de uma lentidão crônica, e quando isso afeta os serviços prestados por ela, a irritação do administrador de sistemas começa a crescer.

o hardware onde tudo rodava tinha seus 8 anos. Já era velho quando começou a ser usado para este fim, e agora, mais 3 anos depois, deu o que tinha que dar. Não é preciso ser um gênio para saber que um computador moderno modesto leva vantagem de 30 para 1 numa comparação de poder computacional. Em resumo, estou usando um servidor que tem 1/30 da capacidade de processamento do meu computador.

A solução para quem analisa isso é óbvia. Virtualização. Desde que as máquinas começaram a acumular tanto poder computacional que os outros gargalos dominaram as razões de um sistema ser lento (entrada e saída, disco, memória, rede), a virtualização faz com que possamos utilizar um hardware físico para rodar vários hardwares virtuais. Com servidores é mais útil, pois é possível rodar vários serviços completamente separados, gerenciar via software. Atualizações, backups e segurança são mais robustas em ambientes virtualizados. A gama de usos é incrível e cresce a cada nova versão dos hypervisors e hosts. A possibilidade de rodar um sistema operacional inteiro faz com que problemas de compatibilidade sejam resolvidos e provê alternativas ao refactory e a manutenção de versões obsoletas e/ou com problemas.

Resolvi então "migrar" esse servidor para uma máquina virtual. Nessa hora o fato do SO ser Linux no servidor ajuda muito. O host é Windows e a ferramenta escolhida foi o VMWare Player (gratuito e facílimo de usar para o básico).

Criei um disco virtual de 120GB e com o auxílio de uma imagem ISO virtualizada como CDROM contendo um programa de cópia de dados (DiskCopy) e um conversor IDE->USB ligado ao HD original do notebook transferi todos os dados do disco do notebook diretamente para o disco virtual. A virtualização moderna é tão impressionante que disponibiliza o hardware conectado ao host (discos removíveis, impressoras, rede) ao guest sob demanda. Tentei bootar o sistema. Kernel panic. O problema é que virtualizadores modernos assumem padrões modernos como standard, e a máquina onde rodava aquilo ali era para lá de antiga. Ele criou o disco virtual como SCSI (nem SATA, SCSI mesmo), enquanto o disco original era IDE. Depois de trocada a opção, o sistema bootou e os serviços funcionaram. Uma olhada no kernel para mudar alguns drivers necessários e o sistema estava completamente funcionando.

Adeus lag, o sistema guest teve uma melhora de performance na ordem dos 300% e a possibilidade de se guardar o estado do sistema e restaurá-lo a vontade é simplesmente fenomenal. Isso ilustra o abismo, a disparidade monumental entre hardwares com poucos anos de diferença. Também ilustra a flexibilidade do Linux, que num ambiente completamente diferente, se comportou muito bem e precisou mínima intervenção para ficar completamente operacional.

Uma ótima experiência e mais conhecimento adquirido.