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22 de jun. de 2008

Ameças legais, liberdade e lucro

Tive algumas surpresas nos últimos dias. Um ou dois sites que frequento tiveram que mudar suas políticas para se livrar de encrencas legais com companhias de software. Ao que parece, as companhias estão usando uma lei americana para pressionar sites de busca, fóruns e redes sociais para não disseminar ainda mais os já comprometidos softwares destas companhias.

Eu, pessoalmente, acho isso uma afronta em alguns sentidos.

As empresas ainda não se deram conta (com poucas exceções) que não se deve LUTAR CONTRA a Internet, e sim usá-la. Hoje em dia, um computador desconectado nada mais é do que uma máquina de escrever moderna ou um vídeo-game caro. Falta para estas empresas a visão global de que esta é uma batalha impossível de ganhar. Hollywood está aprendendo, a RIA está aprendendo. Todos os grandes defensores dos direitos autorais, ou aprendem, ou eventualmente vão sucumbir.

Primeiro, veio a revolução das grandes máquinas de busca por conteúdo sem inscrição, com seus "crawlers" invadindo espaços, achando links e catalogando a Internet. Depois, veio a revolução dos sites, onde sites incluíam informação, sem se preocupar com represálias. E finalmente, a revolução do BitTorrent, em que UMA pessoa ao redor do mundo pode ter um arquivo, e rapidamente distribuí-lo para milhares de pessoas, rapidamente, num efeito "enxame" que causa downloads mais rápidos e disseminação descontrolada.

E contra essa torrente, vem as empresas de software e multimídia, remando contra a maré, chegando a cometer disparates como processar professores, pais de família e adolescentes por terem conteúdo ilegal no seu computador. A mais hilariante palhaçada foi a apreensão das máquinas que deixavam no ar o site thepiratebay.org, pela polícia Sueca, numa ação obscura, patrocinada pelas grandes empresas americanas. Adivinha, nunca acharam nada ilegal nos servidores, BitTorrent 1 x 0 Empresas Multinacionais.

Mesmo se fosse registrado todo o conteúdo, e achassem o seeder inicial, mesmo assim, seriam bilhões de processos, contra bilhões de pessoas ao redor do mundo, e NEM ESSAS EMPRESAS CONSEGUEM ISSO.

Agora, e quem vai defender as pessoas que criaram os softwares, que investiram tempo e dinheiro neles, para vê-los agora disponíveis de graça em qualquer canto da Internet? Eu defendo. Quer dizer, defender propriamente não.

O que falta para estas pessoas é visão. A era dos números seriais, das chaves e do shareware acabou galera. Vamos nos concentrar, antes de mais nada, em fazer um software decente e cobrar justo. Eu paguei por vários softwares nos últimos tempos, coisa que valia a pena comprar. E não me arrependi (apenas em um caso, em que o software ficou defasado, mas foi um ano usando ele, por 20 reais).

Antes de mais nada, antes de investir em proteção, invistam em idéias. Distribuir o software por BitTorrent, botar ele nas listas de downloads, indexar ele no Google. Depois, ofereçam uma página com informações, um fórum, formem uma comunidade. Comecem a ganhar dinheiro com publicidade online e no software. Softwares como o Foxit Reader e o Windows Live Messenger tem muito disso. Usem a Web, abusem da "liberdade" que ela oferece. Usem a maré, e economizem remos. Usem a comunidade, e ganhem fãs. Conheço vários sites que geram renda (fóruns principalmente) sem ter NENHUM empregado. Apenas cedendo cargos para pessoas interessadas em ver uma comunidade crescer.

Não é difícil. Difícil é meter essa idéia na cabeça de algumas pessoas.