Comportamento, ciência, tecnologia, direito, política, religião, cinema e televisão, alguma controvérsia, algum bom senso, e um pouquinho de besteira, para dar um gostinho...

27 de nov. de 2021

E se foram mais 7 meses....

 Fazem sete meses que falei sobre a guerra ideológica que domina nosso país, sobre vacinas e retorno das aulas presenciais. De lá para cá as aulas voltaram, nenhum de nós pegou COVID, eu e a esposa estamos com duas doses da vacina, e a pandemia arrefeceu, sempre com o risco de uma nova variante, já que ainda tem gente recusando ou incapaz de tomar a vacina, tanto aqui quanto em outros países.

Mas 2022 vem aí, novas vacinas, para variantes, reforços, e vai acabar. Antes ou depois das eleições, não se sabe.

Hoje minha bebê tem dois anos e 7 meses, fala tudo, faz muita coisa sozinha, e me espanta e assusta com seu desenvolvimento diário. Muito disso veio da escola, onde ela consegue conviver com outras crianças e desenvolver seu potencial.

Nos últimos meses descobri a importância da saúde. Muitas coisas só fazem falta quando as perdemos. Em julho, logo após meu aniversário, uma sequência de eventos me levou para uma espiral descendente de algo comum: sinusite. E se passou um mês, depois outro, depois outro. Veio acompanhada de bronquite, asma, dor e muito mal-estar. Adiamos férias, consultei diversos médicos, fiz 6 rodadas de antibióticos e acabei em uma mesa de cirurgia, com um pós operatório terrível. Agora faz um mês e meio da cirurgia. Já respiro, mas estou com, adivinha: sinusite! Mas agora os seios nasais estão drenando, e esta última rodada de antibióticos deve resolver.

Férias adiadas, programas cancelados, dores, mal estar. Depois a recuperação cirúrgica (ainda incompleta), e conviver com os problemas de saúde que o clima maluco deste ano causa na esposa, na criança, e em mim. Mas estamos "voltando" a normalidade. De máscara e usando álcool, mas voltando.


4 de mar. de 2021

O perigo do conforto ideológico

 Eu tenho uma menina de quase 2 anos de idade. Ela já teve todo o seu segundo ano de vida afetado pela pandemia. Isolamento, restrições diversas, dificuldade de manter relações com outros adultos e crianças (incluindo parentes). Por isso, e por um problema no seu desenvolvimento que causou bastante ansiedade e foi diagnosticado basicamente como sintoma do isolamento causado pela pandemia, quando as escolas abriram suas "colônias de férias", colocamos ela em uma. E o início do ano letivo prometia. Os benefícios desse contato com outras pessoas e crianças, tardes de brincadeira e ensino, foram fantásticos. Em pouco tempo os sintomas causados pelo isolamento diminuíram e ela avançou significativamente em seu desenvolvimento.

Aí veio a segunda (ou terceira, já nem sei) onda. E o colapso do deficitário sistema de saúde (sério, UM ANO DEPOIS, o que eles acharam, que a pandemia ia embora de boazinha, sozinha?). E fecharam tudo, as escolas inclusive. A notícia veio por uma liminar judicial, já que o governo estadual estava autorizando os anos iniciais e educação infantil à retornar. A liminar foi mantida em segunda instância e agora está no STF o recurso.

E eu me vejo aqui criticando essas decisões, isolado em meu teletrabalho, com uma criança nervosa por não ter mais o contato (pequeno, convenhamos) que finalmente tinha conseguido. Fiquei irritado, pesquisando por posições que confirmassem meu viés. E achei, claro. Cartas de médicos em Minas Gerais, estudos suecos.

Aí lembrei do pai que sempre busca sua menina, quase da idade da minha, sem máscara.

Lembrei do primo distante que está lutando pela vida em um hospital da região metropolitana.

Lembrei do meu pai, grupo de risco, encerrado em casa (mas indo no banco, para pagar contas).

Lembrei dos amigos que foram para a praia poucas horas após confirmarem que se livraram da infecção. Das festas que escutamos de casa no carnaval. Das festas nos pubs ao redor, indo até 4h da manhã, com grandes aglomerações.

E colocar a culpa? Isso é fácil. Achar soluções já é mais difícil. Insistir na abertura das escolas particulares, como a da minha filha, que tem condições sanitárias e de recursos humanos, enquanto há a certeza da deficiência da rede pública no mesmo sentido?

Mas estamos aqui, sentindo os problemas de uma criança de 2 anos isolada em seu desenvolvimento, suas relações sociais. E eu queria que ela tivesse ao menos aula, mas é injusto, sei... E meu viés particular me fez buscar confirmação para minha teoria, e há. Mas é uma solução? Talvez para minha família, mas não para tantas.

Disso tudo veio a conclusão: meu viés me atrapalha. Me torna emocional ao invés de racional. Ferre-se o resto, eu tenho um problema, e tenho que solucionar. E é só ler os comentários em uma postagem sobre as medidas anti-Covid19 no Facebook que você percebe que não é o único. Estamos divididos pelas imensas barreiras sociais e políticas que nos separam.

É perigoso, buscar culpados, espalhar críticas, sem apontar uma solução social plausível.

Mas é cômodo. Você tem sua "turma". Suas verdades. Espalha suas críticas, com seus pares, tem seus confidentes que pensam de forma parecida, ataca os que pensam diferente. Está certo, os outros errados.

Eu estou errado, mas também estou certo. Não há uma solução fácil para a pandemia. Mas há uma solução: vacina. Então ao invés de discutir abertura, fechamento, regras e restrições, colapsos e problemas, insistam para seus políticos comprarem VACINAS. Imunizar é o único meio de se voltar à uma falsa normalidade. Mas eles estão preocupados, com seus mandatos, suas imunidades, suas contas, auxílios...

E as vacinas estão sendo compradas por outros países.

Não é fácil. Nunca é. Mas o fácil é errado. E chegar à essa conclusão é difícil. Eu fico aqui com meus vieses, não consegui me livrar deles, embora racionalmente saiba que estou errado.