Comportamento, ciência, tecnologia, direito, política, religião, cinema e televisão, alguma controvérsia, algum bom senso, e um pouquinho de besteira, para dar um gostinho...

13 de dez. de 2007

Educação e vontade política (A Geração "Afff")

Eu acabei por concluir que a educação no Brasil está falida. Não me refiro apenas aos colégios públicos e a educação gratuita. Estou falando da educação como um todo. Um sistema de ensino engessado e gerido por uma das instituições que mais faz besteira no Brasil, o MEC.

Nossas crianças estão sendo criadas para pensar dentro de uma caixa, sem liberdade, sem expressão. Por sorte, pais preocupados criam seus filhos com alguma diligência, provendo o estímulo e consciência necessários para formar nosso futuro, pois se dependermos do sistema de ensino em si estamos literalmente perdidos. Enquanto eu fui estimulado a ler e pensar, nossas crianças, jovens e adolescentes são obrigados a ler textos sem fundamento, estudar coisas sem sentido, geralmente desatualizadas e sem foco. Poucos professores me estimularam a pensar, a usar o raciocínio lógico e a buscar informações nos mais diversos meios, confirmá-las, conduzí-las e juntar todas em um novo pensamento, acompanhado de uma pitada de senso crítico.

Ao cair na Universidade, os alunos se vêem desesperados, pois tiveram sua sede de saber trucidada ao longo dos anos por conteúdos pobres, professores desmotivados e redes de ensino falidas. A vontade de ler foi assassinada pela literatura tradicional, enfadonha e cheia de rebusques desnecessários, na fase da vida em que menos damos atenção para isso. Recentemente numa palestra, uma professora mencionou que, se você não tem o hábito de ler, não deve começar lendo "Os Sertões" pois Euclides da Cunha vai matar seu ânimo nas primeiras páginas. O gosto pela leitura, como qualquer outro vício saudável (caminhadas, convivência social, etc) deve ser inserido de forma progressiva para se tornar cativante.

Enquanto nossos jovens não lêem, as subculturas desprovidas de elegância e foneticamente fáceis criam os analfabetos de amanhã. Incapazes de ler, de escrever, e muitas vezes, de se expressar. E hoje temos a legião de pobres ignorantes que desprezam o conhecimento por nunca tê-lo experimentado em uma forma agradável. A Internet nesse ponto é uma faca de dois gumes. A nova gramática do "menos" torna impossível ler textos, a lei do menor esforço na sua concepção mais infame cria frases do tipo: "mais eu num so do tipo que sab dssas coisa". Eu gosto de carinhosamente chamar essa geração de "Geração do Afff". Qualquer um que já jogou um jogo online conhece os brasileiros que comprimiram a expressão "Ave Maria" para expressar um erro no jogo até chegar ao "afff".

Enquanto isso, nosso governo parece gostar disso, pois cria políticas públicas através do MEC para "chutar" analfabetos adiante na escola. O que temos é um "Ensino Médio" que não sabe a tabuada, e é incapaz de elaborar seu pensamento em forma de palavras, quanto menos escrevê-las corretamente.

E assim se cria a massa de manobra ignorante de amanhã, que vai eleger esses mesmo políticos que "chutaram" esse quase analfabeto com o título de "Ensino Médio completo" para fora da escola.

PS: post baseado na minha recente experiência de fazer vestibular, e passar nele entre os 15 primeiros, após 9 anos sem encostar em um livro de segundo grau, deixando para trás centenas de "recém formados" no Ensino Médio.