Comportamento, ciência, tecnologia, direito, política, religião, cinema e televisão, alguma controvérsia, algum bom senso, e um pouquinho de besteira, para dar um gostinho...

2 de mar. de 2023

Uma nova jornada - Educação

 Comecei uma nova jornada em janeiro de 2023. Com a ajuda de um grande amigo, consegui realizar um dos meus sonhos: ensinar. Embora esteja patinando e aprendendo, e talvez me falte experiência e enfoque em pedagogia (eu sou extremamente técnico), estou tentando e evoluindo.

Há um grande déficit na educação em nosso país, mas esse fenômeno não é exclusividade brasileira. Há uma tragédia educacional ocorrendo em nível mundial. Uma geração que não entende tecnologia está oferecendo tecnologia para seus filhos, sem controle e sem limites. Estamos diante de uma população que usa tecnologia diariamente, mas não entende e/ou não quer entender nada de tecnologia. Matemática é o inimigo, e tecnologia é completamente inacessível por detrás das telas e toques. A ciência, tecnologia, engenharia e matemática são "muito difíceis", não estão no radar da maior parte dos jovens como oportunidade de carreira.

Enquanto a geração passada se profissionalizou em outros campos e conseguiu "viver a vida" sem esse conhecimento, compram para seus filhos os aparelhos que eles não entendem, expondo-os a uma rede gigante, pouco regulada e inóspita. Uma fonte ilimitada de dopamina, viciante, composta por entretenimento inútil e facilmente acessível.

Essa nova geração usa tecnologia e tem facilidade com ela, mas ao mesmo tempo, fadigados pelo consumo de reels e shorts, acabam com tempo de atenção reduzido, dificuldade de concentração, um péssimo sono e um desempenho escolar medíocre. Culpam os professores, a "sociedade", as matérias, o mundo, por acharem tudo muito "difícil", e não conseguirem acompanhar a jornada (mas continuam "avançando", sob o pretexto de gerar estatística positiva).

Uma geração maltratada pela dificuldade da hiperinflação, desemprego e trabalho duro gerou uma geração mimada. Pessoas que a vida toda escutaram ser "especiais" e "diferentes" do resto. Agora eles aguardam pacientemente, entre o mundo de faz de conta das redes sociais e streamings, que a sociedade os recompense, como seus pais sempre fizeram, por serem tão especiais. Enquanto isso, envelhecem e descobrem da pior maneira que não são.

Querem mudar o mundo do conforto de seu quarto climatizado, e querem ser reconhecidos e recompensados por esse magnânimo esforço.

A leitura em declínio, ou maltratada por gêneros de fácil consumo, o fast-food da leitura (quando consumido, é melhor que nada), a educação científica maltratada e destruída por um sistema que beira a insanidade ao crer que ninguém pode sentir-se ofendido ou derrotado.

Há exceções, famílias onde se ensinam valores e lições, e a grande tarefa do educador parece ter saído do escopo de mostrar conhecimento, para abordar um novo desafio: encontrar os desgarrados que reconhecem suas fraquezas e querem mudar isso. E deixar o "sistema" (esse malvado) filtrar o resto. Resta esperar que esse filtro englobe mais desafios.

Enquanto persigo esse sonho de ensinar, vou acumulando experiências e erros, e reflito sobre a minha própria educação. Os erros e acertos cometidos em décadas de ensino acumuladas. É uma experiência surreal e extremamente válida, ainda mais com uma pequena "esponja" de conhecimento se tornando cada vez mais questionadora e esperta dentro de casa. Minha filha terá lições do velho e do novo.

Autoconfiança não precisa se tornar narcisismo. Coragem não se compara a burrice. Matemática é a língua do universo e ciência é a ferramenta de descobrir tudo. Atenção não é recompensa e predadores não são admiradores.

É uma tarefa difícil, uma luta diária, uma experiência única e incomparável.