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12 de mai. de 2014

O celular que explodiu

Não sou pai ainda, mas conheço amigos e até parentes ligados em tecnologia que tem filhos, e obviamente os filhos deles usam os gadgets (smartphones, tablets, notebooks) e seus carregadores, a maioria sem supervisão.

Então quando a notícia de um smartphone Samsung Galaxy S2 explodindo apareceu, fiquei desconfiado. Infelizmente o aparelho estava com uma menina de 7 anos, chamada Ariana Aitzhan, que sofreu uma queimadura terrível, e terá que passar por cirurgia plástica. Espero, sinceramente que ela se recupere completamente.

A maioria das notícias que vi focou suas manchetes em dois fatos:

  1. Um smartphone da Samsung explodiu.
  2. Uma menina de 7 anos estava utilizando o smartphone, quando ele explodiu.

E ninguém viu o óbvio motivo do acidente: a BATERIA NÃO ERA ORIGINAL.

Quer dizer, a menina não sabia que a bateria não era original, que baterias possuem químicos potentes dentro delas, e que ela PODE sim, explodir. A Samsung obviamente testa exaustivamente suas baterias (e todas as outras empresas também). Agora, a falsificada não é testada, é produzida de forma barata, sem controle de qualidade, e culmina com um acidente terrível como esse.

Então, de quem é a culpa? Da criança, obviamente é que não, até onde sei utilizar um smartphone não é problema. Da Samsung? Óbvio que não, visto que a bateria utilizada no dispositivo não era da empresa, ela não testou, não certificou a segurança dela. Sobrou quem? Os pais. Não sei qual deles é o consultor tecnológico familiar, mas um deles comprou e colocou no smartphone esta bateria, em detrimento da original, provavelmente para economizar algum dinheiro. Uma criança pagou um terrível preço pela negligência.

A Sony por exemplo, usa telas de vidro mineral em alguns smartphones, e coloca na frente da tela uma película acrílica que impede que, no caso de queda, vidro afiado voe, causando acidentes. Muita gente remove essa película sem se preocupar com os possíveis acidentes. Não é difícil, a cada dia se prova que o corpo humano é frágil, e uma sequência de eventos aparentemente inocente pode ser fatal. Basta lembrar do caso do homem que morreu em seu casamento, quando uma tulipa quebrou em seu bolso em um tropeção, cortando a veia femural.

Da mesma forma, smartphones "genéricos" são vendidos aos milhares, sem garantia, sem procedência, sem proteção e sem testes. Muitas pessoas compram estes aparelhos, deixam seus filhos usarem eles, com baterias também de procedência duvidosa, muitas vezes carregando na cabeceira da cama durante a noite.

Eu não sou de assumir riscos, mas poderia apostar que todos os acidentes desse tipo possuem o mesmo ponto comum: hardware ou software (sim, baterias novas tem software) não original, com defeito ou modificado.

O mesmo acontece com veículos "tunados". Um engenheiro estuda uma vida para fazer um carro, com segurança e responsabilidade, e um "arigó" corta ou retira as molas para ficar mais "transado". Depois uma porcaria dessas causa um acidente, e não sabem o motivo. Películas muito escuras, canos de descarga modificados (causando poluição sonora e do ar), peças não originais, e essa "arma" pode causar terríveis acidentes.

Pense nisso da próxima vez que for economizar ao comprar acessórios.