Comportamento, ciência, tecnologia, direito, política, religião, cinema e televisão, alguma controvérsia, algum bom senso, e um pouquinho de besteira, para dar um gostinho...

20 de set. de 2006

Saúde no Brasil

Tive uma experiência ruim nesse final de semana. No domingo à noite, meu irmão me ligou, para me comunicar que meu pai não havia se sentido bem, dores no peito, e tinha sido levado de ambulância para outra cidade. Angina coronária, foi o diagnóstico, após longas 48 horas do primeiro contato com um médico. Meu velho pai teve que aguentar muito tempo em uma UTI, cercado de doentes terminais, sem nada para separar um leito de outro, com estagiários de uma universidade enchendo o saco ainda por cima. A luz ligada permanentemente e os barulhos constantes o impediam de dormir, o que o forçou a requisitar um remédio para poder cair no sono, e fez com que a próxima visita de minha mãe à ele o achasse semi-dopado.

Não somos uma família pobre, temos recursos e meu pai trabalhou muito para chegar a situação onde eles se encontram agora. Apesar de viverem apenas os dois lá em casa, tem os filhos perto e sempre que podemos visitamos eles. Tenho também que agradecer ao meu irmão, que estava mais próximo nessa ocasião e providenciou o necessário para meu querido pai ter um tratamento adequado enquanto eu, infelizmente, estava viajando.

Vou tentar seguir a sequencia de acontecimentos desse episódio para ilustrar. Final de semana, meu pai se sente mal, vai à um hospital. Um médico, claramente despreparado, desatualizado e completamente imcompetente o atende, "chuta" um diagnóstico, e medica meu pai. Como a dor não passou, e com a preocupação do meu irmão e da minha mãe, eles providenciam para que meu pai seja removido de ambulância para outra cidade. A brincadeira da ambulância custou uma fortuna, mas tudo bem, pelo menos meu pai estava com mais recursos. Depois da RECUSA de dois cardiologistas, um finalmente atende meu velho pai, num domingo de madrugada, e interna ele na UTI, afim de monitorar meu pai e realizar exames. Os exames vem completamente alterados, resultados da medicação errônea aplicada pelo outro profissional da cidade menor onde meus pais vivem. Dali em diante, foram 48 horas de terror para meu pai, em um ambiente horrível de um hospital falido e despreparado, tudo sem um diagnóstico preciso, causado por um erro médico primário de um outro profissional. Após, com um diagnóstico melhorzinho, meu pai é transferido para um quarto, e a coisa começa a melhorar. Minha mãe já pode acompanhar ele, quarto privativo, com um certo conforto. Ufa!

Mencionei que meu pai paga uma FORTUNA mensalmente para um plano privativo de saúde que deveria cobrir tudo isso. Pela idade, ele paga muito mais, e são ele e minha mãe. Se dependêssemos de um sistema público de saúde, no final de semana, seria MUITO pior. Quero dizer que mesmo sacrificando boa parte do salário mensal, ainda assim, foi necessário MUITO dinheiro, paciência, e MUITA sorte e bençãos para que meu pai saísse dessa, graças ao meu bom Deus, bem. Imagina os coitados que dependem do SUS.

Pagando essa fortuna, em um país de primeiro mundo, como bem disse um grande amigo, o tratamento seria BEM diferente. Temos um preço de primeiro mundo, e um tratamente LIXO de terceiro mundo. Pagamos impostos altíssimos, para MORRER em um final de semana sem tratamento hospitalar. Pagamos impostos por hospitais falidos e equipamento obsoleto, diagnósticos imprecisos, profissionais mal pagos e máfias de auto-ajuda chamadas planos de saúde. É uma vergonha nacional, não temos educação, nem segurança, nem saúde, apenas uma carga tributária que deveria nos conceder tudo isso com folga, se não fosse administrada por imcompetentes corruptos atrás de dinheiro. VERGONHA, seus assassinos, se houver um inferno, eu espero que no final de sua vida vocês QUEIMEM na eternidade por cada alma que deixou esse mundo por seus desvios e falcatruas com verbas da saúde, da educação, saneamento e assistência social.

Agora, meu pai está melhor, com as graças de Deus, que atendeu muito generosamente as orações deste que vos tecla, que tinha esquecido como era orar, mas que no desespero orou, fervorosamente, e neste momento lembra todos vocês, que podem, e DEVEM agradecer todas as dádivas que receberam de um poder superior, nem que o chamem de SORTE, ele existe, e olha por nós.

E aos corruptos, médicos imcompetentes, preguiçosos, presunçosos e ladinos, eu digo, um dia, a volta vem, se não nesta vida, depois. E enquanto isso, eu sinceramente penso em atirar a justiça dos homens contra vocês, quem sabe, veremos, e nos veremos, de lados contrários. Ninguém faz meu velho, batalhador pai passar por uma dessas sem ter consequência alguma.

12 de set. de 2006

Copy Control e música digital

Hoje copiei um CD no Linux para um amigo. O CD, como muitos que tenho visto nas lojas ultimamente, vem com o tal do "Copy Control", um mecanismo que insere "arranhões digitais" no CD, evitando assim que seja copiado em drives de CD-ROM. Em compensação, este mecanismo também interfere com a leitura normal do CD em aparelhos normais (principalmente players de carro). Notem que estas informações estão no próprio CD, que NÃO EXIBE O LOGO "Compact Disc - Digital Audio", por ferir este padrão! Eu mencionei que copiei ele? Ah, acho que sim. Mesmo ANTES desta tecnologia IDIOTA, já haviam leitores capazes de "pular" ou até mesmo "corrigir" os erros virtuais nos CDs com proteção de cópia. Tecnologia que nasce morta, como a super-proteção de DVDs que custou milhões e foi quebrada pelo famoso DVD-Joe, um rapaz de 15 anos.

Agora, vamos ao fato, o artista provavelmente não queria essa proteção, isso é imposição da gravadora, e convenhamos, é ridículo. Tenho visto estas porcarias em discos de artistas famosos, mas estou aqui falando de um CD de Heavy Metal, dos clássicos, que veio com esse lixo de tecnologia. Quem compra CDs de Heavy Metal? Fãs! Como eu! E qual o motivo desta tecnologia? A pirataria, é claro!

Eu confesso, tenho músicas, SIM, em mp3 no computador, diversas. Não tantas como a maioria das pessoas, mas bastante. Algumas possuo o CD, outras não, a maioria na verdade. E agora exponho os motivos:

1) CD é CARO! Paguei pelo que gerou este post quase 60 reais.
2) CD é que nem mulher, por UMA parte boa você acaba ficando com tudo (brincadeira, viu mulherada). Mas falando sério, um CD às vezes tem UMA faixa boa, e você tem que comprar o resto da porcaria... Isso não se aplica a Disturbed, Iron Maiden, e outras bandas, mas popzinho tosco que nem Britney, BoyBands em geral e essas outras porcarias funcionam assim.
3) A pirataria está quase institucionalizada, é impossível punir todos que possuem música ilegal no computador, e isto cada vez mais se estende a filmes, obras literárias e fotos. Então, está quase sendo um "costume" e não mais um "crime" piratear. Claro que isto vai contra todo o sistema jurídico, mas que seja...

A verdade é, quando baixo um CD BOM, me sinto compelido a comprar o original, por motivos óbvios:

1) Som melhor. Não adianta, comprima, perda qualidade, é assim que funciona, se você tem um ouvido bom e gosta da música, o CD original é o néctar do som.
2) Encartes. Informações válidas, comentários, fotos, arte gráfica, tudo vale a pena.
3) O sentimento de ajudar aquele artista a produzir mais e melhor.

Agora, o tal "Copy Control" fere tantos dos meus direitos como comprador de CD, que chego a me sentir indignado. Em primeiro lugar, tenho o DIREITO, como consumidor, de fazer uma cópia de segurança do meu CD e guardar o original em local seguro. Depois, se for escutar no carro, quero PODER escutar, e escutar sem as "falhas digitais" que ferem meu sensível ouvido com riscos e chiados. Ainda, quero que meu aparelho não precise literalmente se PEIDAR corrigindo erros que foram propositalmente colocados no CD. E depois, não quero ter que instalar um maldito software para escutar uma versão ferrada da música no meu PC.

A partir de hoje, não me verão mais comprar CDs com "Copy Control", por mais fã que eu seja, isso é quase uma ofensa. Ah, meu amigo tem uma das maiores bibliotecas de CDs originais que conheço, ele não comprou o CD que eu tenho, por causa do Copy Control ;D

7 de set. de 2006

Vida, luta, amor e dor

Cada vez me convenço que a vida tem muitas surpresas pela frente. Um dia, uma surpresa, e nunca deixo de me surpreender, com o que as pessoas podem fazer, com o que eu mesmo posso fazer. Me surpreende como o mundo se comporta, e como as pessoas sentem, se machucam e riem de maneiras diferentes por motivos diferentes.

Na verdade me convenci que temos muitas poucas verdades e inúmeras dúvidas. A maioria das pessoas realmente não sabe o que quer, nem mesmo o que gostaria de querer. Sem objetivos, se perdem, e temos uma sociedade enfraquecida pela total falta de objetivo. Por outro lado, aqueles com objetivos bem claros são sequencialmente e de forma bruta rejeitados, de todos os lados, e apenas os mais fortes sobrevivem, seja por força própria ou herdada.

No meio deste tiroteio, procuramos não sair feridos, enquanto vivemos buscando uma segurança que na verdade nunca vai existir, simplesmente por um motivo: somos falhos. Temos defeitos, não somos, nunca fomos e nunca seremos perfeitos. É um preço que pagamos pela evolução surpreendente do ser humano. Ficamos com falhas básicas que permitem à natureza desempenhar seu papel, ainda que lutemos a cada dia contra ela. Nós morremos, nós adoecemos, nos sentimos mal psicológicamente, temos desespero, dor e desilusão. O amor, tão louvado por nós, nos leva a buscar por vezes nossa própria destruição, no entanto, essencial tal sentimento para que nos sintamos humanos.

Em resumo, somos isso, essa massa humana perdida buscando de todas as formas sentir menos dor, enquanto buscamos esse horizonte infinito impossível de alcançar chamado felicidade. A felicidade não existe como um ideal, ela está em cada momento feliz, em cada bom momento e em cada memória boa que guardamos, em cada experiência e cada lição. Por isso tão necessário viver com plenitude, para que acumulemos essa felicidade.

Enquanto isso, eu vivo, busco um ideal profissional, emocional, e aproveito as pequenas felicidades que encontro no caminho da melhor maneira possível. Tenho uma bela coleção! Da mesma forma, coleciono as lições tiradas do mais puro sofrimento de todas as falhas, minhas e dos outros, que me causaram dor. E aprendo (algumas vezes), ou me preparo, para errar novamente. Não é tão ruim assim... Basta ter em mente que ainda temos tempo, sempre temos, temos o resto da vida o tempo todo pela frente, e embora não se possa ficar sem pensar no amanhã, precisamos da certeza de que talvez ele não chegue, para nos atar a realidade e evitar devaneios que desperdiçam nossa limitada (em tempo) e ilimitada (em oportunidades) vida.

Artista: Disturbed
Música: Stricken

You walk on like a woman in suffering
Você continua como uma mulher sofrendo
Won't even bother now to tell me why
Nem se importa em me contar o motivo
You come alone, letting all of us savor the moment
Você vem sozinha, deixando todos saborearem o momento
Leaving me broken another time
Me deixando quebrado mais uma vez
You come on like a bloodstained hurricane
Você vem como um furacão ensanguentado
Leave me alone, let me be this time
Me deixe sozinho, me deixe em paz dessa vez
You carry on like a holy man pushing redemption
Você continua como um homem santo empurrando redenção
I don't want to mention, the reason I know
Não quero mencionar, a razão pela qual eu sei

That I am stricken and can't let you go
Que estou ferido e não posso deixá-la ir
When the heart is cold, there's no hope, and we know
Quando o coração está frio, não há esperança, e sabemos
That I am crippled by all that you've done
Que fiquei aleijado por tudo que você fez
Into the abyss will I run
Vou correr para o abismo

You don't know what your power has done to me
Você não sabe o que seu poder fez comigo
I want to know if I'll heal inside
Quero saber se vou me curar por dentro
I can't go on with a holocaust about to happen
Não posso continuar com um holocausto prestes a acontecer
Seeing you laughing another time
Vendo você rindo outra vez
You'll never know how your face has haunted me
Você nunca saberá como sua face tem me assombrado
My very soul has to bleed this time
Minha própria alma teve que sangrar desta vez
Another hole in the wall of my inner defenses
Mais um buraco na parede de minhas defesas internas
Leaving me breathless, the reason I know
Me deixando sem fôlego, a razão pela qual eu sei

That I am stricken and can't let you go
Que estou ferido e não posso deixá-la ir
When the heart is cold, there's no hope, and we know
Quando o coração está frio, não há esperança, e sabemos
That I am crippled by all that you've done
Que fiquei aleijado por tudo que você fez
Into the abyss will I run
Vou correr para o abismo

Into the abyss will I run
Vou correr para o abismo

I can't let you go
Não posso te deixar

5 de set. de 2006

Mudanças e noção de realidade

Eu venho segurando meu jeito de ser desde tempos imemoriais. Sempre fui criticado pelos meus relacionamentos e a forma como me comporto, dizem que me dedico demais, que isso não faz bem, que eu estrago as gurias, e que sempre acabo me machucando. Após longos anos, e grandes decepções, eu cedi a pressão. Mas não do jeito que me aconselharam... Já diz o Disturbed em sua música "I'm Alive": "to change myself, I rather die". Simplesmente não vou deixar de ser como sou, a mudança mataria tudo em que acredito e as bases morais e psicológicas nas quais baseei toda minha vida. Então, mudarei uma coisa mais fácil, meu comportamento. Aqui está, senhoras e senhores, um solteiro por opção e agora por convicção. Falando sério, acho que só entro num relacionamento para casar a partir de agora, e certamente não em um futuro próximo. Como o coração tem razões que a própria razão desconhece, tenho certeza que isso pode mudar, mas terá que ser uma "avalanche" para abalar esta decisão. Preciso de um tempo para mim, um bom tempo, e estou investindo nisso. Preciso reencontrar as asas, e preciso da liberdade de sentir, sem medo, mas sem exageros. Eu preciso me encontrar novamente, como alguns anos atrás eu fiz, e nisso ninguém pode ajudar. Eu preciso viver, com todas as forças e sem nenhum obstáculo. Um poeta já dizia que "aquele que liberta, prende muito mais do que o que aprisiona", e vou apostar nisso.

Mudando de assunto, vou falar um pouco sobre "noção de realidade". Recentemente tive uma experiência horrível na qual uma crítica a um amigo e seu comportamento me rende um final de semana terrível (ao menos a tarde de sábado). Na verdade, se houvesse criticado apenas ele, mas acabei atingindo alguém mais, e enfim, por valorizar esta amizade, acabei por engolir tudo que realmente queria dizer, e procurei acabar com o assunto ali mesmo. A razão de ter criticado ele e a outra pessoa da qual não farei menção foi bem simples. Eu fiquei abismado com a ridicularização da palavra "amor" e de outros termos que outrora seriam aplicados a sentimentos tão profundos que por vezes transcendem tempo e espaço, de maneira indelével. A virtualização pela qual passa nosso mundo me assusta. As pessoas estão perdendo a noção de realidade. Eu passo em torno de 10 horas na frente de um compuador interligado a redes do mundo todo, e no entanto eu me esforço para deixar esta vida "virtual" extremamente ligada a minha vida real, exatamente para nunca perder esta noção de realidade. Tento alimentar minha mente com sentimentos e sensações reais, além de tentar manter meu corpo ligado a tais sensações, isso facilita deixar bem claras as distinções entre os dois mundos.

A Internet é um poço de informação, sem fundo. Mas é apenas informação, e muito pouco conhecimento. O conhecimento está contido em formas menos fluentes, mais difíceis de obter. Conhecimento, sobre a vida, sobre os sentimentos, está nas experiências. Se você não procura viver intensamente, acaba por se "chapar" com a ilusão virtual proporcionada por programas de mensagens instantâneas e jogos de computador. Nada contra ambos, eu sou um cara "online", e um gamer também. No entanto, se um grande amigo chegar na minha casa, não terei nenhum pudor em ignorar meus contatos online e jogos, e conversar. Além disso, escrever, ou digitar, ou "teclar", usando termos mais convenientes para a Internet, é muito fácil... Falar é difícil, e o teclado é a "muleta" perfeita. Todos somos eloqüentes e capazes de discursos impressionantes na Internet, muito poucos tem a mesma desenvoltura na vida real, em situações reais. É por isso que adolescentes trocam experiências por tempo online, gerando ócio e uma geração desmantelada psicologicamente e fisicamente. Somos vítimas da duplicidade de universos da qual fazemos parte.

Namoros e amores não nascem de conversas, nascem de experiências, é simples assim. Tudo que marca pode ser resumido ao "estar". Nada substitui um beijo, um abraço, um carinho, um toque ou uma palavra dita face a face. Ninguém me prova o contrário. Claro, tudo pode começar na Internet, mas daí para a realidade existe um fosso largo e profundo, e o problema é se acostumar, e encontrar-se psicologicamente preso a esta "droga" virtual, enquanto sua vida e juventude passam, o tempo que você está desperdiçando não voltará nunca. Chega uma hora na vida em que temos que parar para pensar, e não pensar besteira. Pensar no futuro, e no que ele nos reserva, e nos preparar. Tomar um porre de realidade e colocar os pés no chão, antes que nossa "parasitude" frente ao mundo se torne nossa única "vida". O computador, a internet e o virtual são como drogas, como qualquer psicotrópico existente. E tem feito vítimas aos milhares. Aliado a carga emocional da paixão, esta droga fica ainda mais forte, e te tira da vida real, rouba os amigos, as experiências, tudo. Ninguém é tão diferente, sentimos, como todos os outros, a diferença básica é que, se você se acostumou com isso, é difícil voltar.

Então, saia, respire o ar da vida, viva intensamente, ainda mais se você passou da idade de não estar nem aí para o mundo. Ele vai exigir de você eventualmente.

Aos meus amigos, parceiros, vocês sabem quem são, obrigado por estarem ali quando eu voltei de meu último passeio pelas terras da paixão. Não vou voltar para lá tão cedo!