A modernidade nos levou à uma sociedade conectada em que a tecnologia cada vez mais faz parte do cotidiano. Apesar disso, cada vez menos pessoas entendem de fato de tecnologia. Os cursos específicos esvaziam-se, ligados à STEM (Science, Technology, Engineering and Mathematics), se provam muito difíceis para uma geração acostumada à satisfação imediata e recompensas fúteis, sem esforço. Paradoxalmente, muitas destas comodidades vem diretamente da tecnologia que eles usam, mas não entendem.
Então, nos primórdios havia os HDDs, spinning rust, discos de metal magnetizado acumulando informação. Um pináculo para a época, hoje continuam mais baratos e acessíveis e ainda muito usados para dados de pouco acesso (backups de longo termo, por exemplo) e/ou auxiliados por tecnologias de armazenamento mais novas, mais rápidas.
E então vieram os SSDs (Discos de Estado Sólido). Memórias em chips de silício, sem partes móveis, mais silenciosos, energeticamente eficientes e principalmente, rápidos. Muito rápidos. Em média de 4 a 5 vezes mais rápidos que os HDDs. E se tornaram o padrão. Primeiro usando o protocolo dos HDDs (SATA) e um fator de forma também compartilhado com os HDDs de notebook, de design mais fino, mais eficientes. Posteriormente veio o padrão NVME. Agora os discos se ligam diretamente ao processador ou chipset através de trilhas PCIe. Aí a coisa foi de 25 vezes para até 70 vezes mais rapidez em comparação aos HDDs mais modernos.
Um sopro de vida em um mundo em que o armazenamento é o maior gargalo, onde sobra processamento e a memória pode ser auxiliada pelo armazenamento. Virou padrão. Chips pequenos, leves e rápidos. É só alegria.
E se passaram alguns anos.
Agora começaram os relatos. Meu computador não liga mais. Cadê meus dados.
Poucas pessoas tem backups, e muitas não tem ideia de como recuperar algo. E os SSDs tem um detalhe chamado Wearout. Em SSDs isso é o desgaste natural que ocorre porque cada célula de memória só pode ser apagada e regravada um número limitado de vezes antes de parar de funcionar. SSDs têm células reservadas que entram em ação para substituir as que param de funcionar, mas quando essas reservas acabam, o SSD pode ficar instável, mais lento ou até parar de funcionar.
E com os computadores contando com sistemas operacionais modernos que escrevem logs de tudo, sistemas de segurança como antivirus escrevendo bastante, mesmo parado seu computador está o tempo inteiro escrevendo no disco, desgastando estas células.
Desde que soube deste fato observo com cuidado meus sistemas com SSD. Uso o CrystalDiskInfo para isso. E deixo ele rodando para me avisar de eventuais problemas. O disco principal do meu servidor doméstico atingiu 25% de wearout (um quarto das células reservadas gastas) e foi substituído por segurança.
E você, já verificou o wearout do seu SSD hoje?