Comportamento, ciência, tecnologia, direito, política, religião, cinema e televisão, alguma controvérsia, algum bom senso, e um pouquinho de besteira, para dar um gostinho...

24 de nov. de 2005

Nós, agora, e nossa herança, depois

Há pouco tempo atrás me disseram que eu sou estourado... Na verdade eu me convenço a cada dia que eu sou muito calmo, calmo demais. Fugimos de nossos medos, descrenças e falhas, juntamos à isso a frustação de uma vida regrada de forma idiota, a dominação constante por outras pessoas e mesmo a inútil natureza humana que nunca esta satisfeita. Corremos atrás de espelhos, que correm atrás de outros espelhos, que nunca estão satisfeitos e não importa o quanto nos aproximamos do objetivo ilusório da satisfação física/mental e da tão almejada "segurança", sempre estamos atrás de mais.

Construímos nossos sonhos para deixá-los cair depois que nos formos, construímos palácios que servirão de morada a muita gente, mas pouco tempo ficamos nesse mundo para aproveitar o que construímos, acumulamos, gastamos, perseguimos sonhos, e sempre que penso que amanhã ou depois isso vai acabar me enche de tristeza que gastemos nosso tempo e vida nisso.

Não que eu não corra atrás de sonhos, todos temos nossos sonhos materialistas ou não, e todos corremos atrás deles, com certeza, eu até consegui realizar alguns, mas a que preço. Você faz o que gosta? Eu faço! Acho que sou um dos poucos. Cada dia vejo caras piores no serviço ou na faculdade. Não é gripe, não é cansaço, é TRISTEZA, pessoas dedicando a vida a trabalhar em coisas que odeiam, mas pagam melhor. Negamos alguns dos nossos sonhos para ir atrás de outros. Criamos escalas de importância de coisas que não deveriam ser deixadas prá trás, criando legiões de péssimos profissionais e de incompetentes desleixados.

Nosso país inveja jogadores de futebol e atores de novela, quando deveríamos invejar os mitos nos campos de atuação em que estamos. Devíamos nos dedicar a sermos o melhor que há em nosso ramo de atividade, ligar-se ao estado da arte, ao invés de ficar estudando e estagnar em um emprego medíocre que satisfaz nossas condições sócio-econômicas.

Sempre que pensamos: "ah, quando eu ganhar tanto eu vou poder fazer tal coisa que é o que eu realmente gosto". E quando chegamos lá nos pegamos cansados demais para aquilo, estressados demais por passar uma boa parte de nossa vida lutando para chegar a lugar nenhum. Sinceramente, a vida é curta, bom aproveitar agora enquanto ainda temos o vigor e a virilidade juvenil.

Você está na profissão certa?! Eu sei que não adianta NADA perguntar isso, pois a pior parte de tudo isso é ter a consciência de estar na mediocridade, mas ter a falsa segurança e não querer mudar, sorte minha que comecei desde cedo a tomar decisões prá MIM ao invés de pros outros. Consegui muito com isso, e sempre que me arrependo de alguma coisa me vejo notando que precisei daquilo para chegar onde estou. Evolution baby.

Boa sorte com suas vidas, espero que seu último suspiro possa ser de saudade ao invés de alívio.

19 de nov. de 2005

Máscaras e mais máscaras

Ontem fui repreendido por causa do meu "gênio". Segundo o autor da repreensão eu sou muito ríspido e "estourado", não sei lidar com as pessoas e trato os outros mal. Sinceramente, eu sou um cara que usa poucas máscaras, simplesmente isso. Todo mundo usa máscaras, todos, sem exceção fingem ou vão fingir para salvar a própria pele um dia, se não o fizeram ainda. Depois de certa idade, a gente começa a viver em sociedade, e a sociedade exige coisas que não podemos dar sem fingir, sem mentir e sem deixarmos de ser o que somos de verdade. Fingimos no trabalho, em casa, no estudo, no relacionamento, fingimos que gostamos de coisas que odiamos, fingimos que nos importamos quando na verdade pensamos "melhor ele do que eu". Uma vez eu já mencionei que o ser humano tem natureza egoísta, não se iluda, se alguém tiver algo muito importante em jogo, não vai pensar duas vezes antes de passar por cima de tudo e todos, inclusive você, prá conseguir o que quer.

Somos na verdade todos atores tentando interagir nesse mundo em que todos estão contra todos, e com raras exceções, o companheirismo e o sentimento acaba quando tem algo maior em jogo.

Em suma, eu fui repreendido pois falo o que penso e minha face reflete com perfeição o que sinto, mas eu estou mudando isso, a gente tem que mudar prá poder se "adaptar" e não fazer os outros se sentirem tão mal por serem completos idiotas. Sinceridade, esse sentimento vai esmaecendo com os anos, pelo menos crianças são sinceras, ainda temos salvação.

Todo dia ponho minha máscara de "Não foi sua culpa, eu conserto", prá que não vejam minha cara de "Tu fez merda denovo, mas que porra, vai meter a mão no CÚ se não sabe o que tá fazendo, se fizesse só teu trabalho ainda tava funcionando", isso no trabalho. Na faculdade eu tenho que por a "Oi, tudo bom? E a vida?" e escutar as churumelas, quando queria dizer "Isso é tua culpa, o tempo tudo cura, te ergue e anda com as próprias pernas, esquece isso, se esforça, nada cai do céu". Nos meus relacionamentos anteriores, "Não tem nada de errado, tudo bem, sério!", enquanto pensava "Mas que criança grande, ûte imaturidade, preguiçosa, inútil, e ainda se acha". Tudo para se manter socialmente "aceitável", mas fazer o que, vou continuar, é simplesmente o motivo por ainda vivermos em grupos. Um dia serei tão individualista que não vou aguentar mais ninguém, pelo menos a guria que estou agora é sincera e estourada que nem eu.

E eu sempre me considerei um espírito tolerante, imagina só...