Comportamento, ciência, tecnologia, direito, política, religião, cinema e televisão, alguma controvérsia, algum bom senso, e um pouquinho de besteira, para dar um gostinho...

15 de abr. de 2006

Desonestidade

Comecei a analisar nossa sociedade mais a fundo faz algum tempo. Hoje vou falar sobre meu ponto de vista a respeito da desonestidade, e falarei dela como eu a defino. Desonestidade para mim é ser desleal, é se favorecer em detrimento de outra pessoa, de qualquer forma, por ação ou omissão, é ser um traidor, de uma pessoa, da sociedade, da humanidade. É não ter consciência suficiente de seus atos para poder tomar a decisão correta na hora, é não ter discernimento para sair de situações que iminentemente vão te causar problemas, é se deixar levar e cair no poço sem fundo da deslealdade, enquanto seu coração e alma vão endurecendo e fica cada vez mais fácil.

Existem tantos aspectos desse problema que fica difícil falar sobre eles, vou apenas tocar a ponta dos maiores e me ater a coisas que acontecem ao meu redor, ao que eu POSSO falar por ter visto, ouvido, sentido ou pensado.

Primeiro, política. Ficou tão difícil achar um político honesto que eu acho que é mais como uma infecção que se espalha nos altos escalões. Quanto mais você sobe, mais difícil fica manter seu caráter e mais fácil fazer como todo mundo faz. Os Engenheiros do Havaí escreveram uma música assim: "Seria mais fácil fazer como todo mundo faz, o caminho mais curto, produto que rende mais. Seria mais fácil fazer como todo mundo faz, um tiro certeiro, modelo que vende mais. Mas nós, dançamos no silêncio, choramos no carnaval, não vemos graça nas gracinhas da TV, morremos de rir no horário eleitoral. Seria mais fácil fazer como todo mundo faz, sem sair do sofá, deixar a Ferrari para trás. Seria mais fácil, como todo mundo faz, o milésimo gol, sentado na mesa de um bar. Mas nós, vibramos em outra frequência, sabemos que não é bem assim, se fosse fácil achar o caminho das pedras, tantas pedras no caminho não seria ruim.". É assim mesmo, não há motivo para ser honesto, se os desonestos se dão bem e os honestos são os bodes expiatórios, pois como dizia o Maurício Ricardo do charges.com.br "Urubu não voa com pomba" e "cobra não come cobra".


Agora, outro aspecto, vai parecer idiota, mas não consigo mais jogar jogos em rede pela Internet, mais especificamente Counter-Strike. Comprei uma chave, gastei dinheiro, instalei e agora, quando vou jogar (depois de ter ganhado experiência para me manter vivo no jogo), não tem mais graça!!! Ficou ridículo, 10 minutos em um servidor e um cara atravessa todo o campo de batalha, mata todos a facadas certeiras na cabeça. Ou um cara acerta sempre, atrás de paredes, de mato, de qualquer coisa, os wallers. Ou outro se move 10 vezes mais rápido, quando você atira nele, ele já está te esfaqueando pelas costas. Pode parecer MUITO idiota (já disse isso), mas isso reflete diretamente o que nossa sociedade é. A desonestidade é divertida, a impunidade é garantida, e eles ainda riem da nossa cara! Quem tem caráter é um cordeirinho esperando para ser sacrificado. Quem ainda tem escrúpulos sofre pois quem não tem é protegido em um manto de impunidade e tira proveito da vida muito mais do que todos nós.

Agora, relacionamentos. Alguns dias atrás estava vendo um documentário sobre família que diz que a família como a conhecemos está desmoronando. Que não mais é necessário um lar com um pai, uma mãe e filhos bem criados. MEU DEUS, O QUE É ISSO? Estamos caindo, tudo em que eu acreditava, a educação que eu recebi, a TV está dizendo para nossos filhos que está errado, a mídia promove a promiscuidade e adultério. Nada contra sexo, contra ficar, contra essas coisas, mas no momento que você decide se comprometer, SE COMPROMETA! Trair é tão ruim quanto roubar, quanto assaltar, é uma violência psicológica e um ato cruel, pois não há defesa. Pelo contrário, se você trai você pega toda a sua relação e joga no lixo, você faz mal aquela pessoa que se abriu completamente para você, você mente, e a mentira é o fim de tudo. Muitas pessoas que eu conheço vão discordar, mas sinceramente, quem discordar não tem mais moral para me contrariar. Fidelidade, como honestidade, é um bem que não se joga no lixo. Aquela desculpa antiga de que "Se eu não fizer, farão comigo" não funciona comigo. Somos tratados exatamente como tratamos as pessoas, e não o contrário. Se a pessoa te traiu, não existe mais a relação de vocês, e portanto, trair "de volta" é atirar no cadáver. Na minha opinião, é imperdoável (e o pior é que já cheguei a perdoar isso, então notei que realmente não vale a pena, uma vez, sempre, se a pessoa fez isso, não te ama, acabe logo com isso). Bebida não é desculpa, pois se você deixou chegar ao ponto de estar sem julgamento, ninguém enfiou cerveja goela abaixo, você se pôs na situação e tem o poder-dever de não fazer nada de errado. Quando todos honrarem seus compromissos, o mundo vai ser um lugar melhor.


Até lá, eu faço a minha parte.

14 comentários:

RoGeR disse...

Cara, eu concordo com tudo que tu escreveu... Hoje em dia ser desonesto parece ser tão legal... Tu falo de alguns exemplos apenas, e deixou claro que falaria de poucos, mas eles estão aí no dia a dia e cada vez mais escancarados, por assim dizer.
Temo por dizer que também continuo fazendo a minha parte, a qual sempre fiz e acreditei ser o certo...
E temo por dizer uma última coisa, acho que a gente nasceu na época errada.
Abraço...

Anônimo disse...

Mto bom, tambem concordo com tudo que tu escreveu.

Anônimo disse...

Acompanho em gênero, número e grau. Tento no meu dia-a-dia praticar tais condutas, porém, confesso que cada vez mais esta difícil de manter-se na linha. Entretanto, fica um questionamento: O texto relata, ou pelo menos traz a idéia de uma pessoa perfeita. Isso ainda existe, ou melhor, algum dia existiu?

NightCrawler disse...

Não existe uma pessoa perfeita, realmente, como diz o Brainstorm. O que existe é o ESFORÇO sincero de tentar ser melhor. E nisso eu incluo até não se arrepender ou chorar pelo leite derramado, e sim tentar consertar. Não sou perfeito, ninguém é, mesmo hipócrita às vezes, como disse um amigo meu por email, o detalhe é TENTAR, ao máximo, e sentir quando estiver errado. O problema todo começa quando nos convencemos que o errado foi certo, ao menos "em parte" como alguns dizem, e vivemos essa mentira. Nesse sentido, não tem meio termo.

Anônimo disse...

O fato é: Cada um tem ou cria a sua "verdade" e seus conceitos de certo ou errado! O que não pode é haver extremismos, tanto dos "certinhos", como dos "bad guys", right? E digo mais!!! Às vezes o que, aparentemente, é errado, para uns, é certo para outros!!! Isso muda de cultura para cultura, tanto na contemporaneidade como no passado. Podemos elencar uma série de conceitos tidos por nós certos (embora alguns - poucos - sejam absolutos) que para outros são dispensáveis ou até mesmo ridículos. Termino como começei, o fato é: Nada de extremismos, devemos nos moldar às situações (não que isso signifique falta de caráter e, é claro, sem jamais perder a ternura) para que não sejamos mal interpretados ou até martirizados. O inferno tá cheio de boas intenções e o cemitério tá lotado de heróis!!!

Anônimo disse...

Outro detalhe importante e que deve ser melhor explicado é a seguinte frase: "E nisso eu incluo até não se arrepender ou chorar pelo leite derramado, e sim tentar consertar." Agora, eu questiono: Se você tenta consertar é porque errou e, na minha opinião, conseqüentemente, esta arrependido do que fez, pois de alguma forma você fez algo errado, ou seja, que não vai de encontro com os seus princípios e, por via reflexa, esta tentando consertar. Então, se estamos tentando consertar algo que fizemos de errado não é porque, também, estamos arrependidos? Os pecadores não devem se arrepender de suas transgressões para obterem a salvação? E fica mais uma questão: Muitas vezes aquilo que é verdadeiro revela muitas facetas, inclusive um certo grau de mentira, ou seja, por vezes uma conduta boa causa mais mazelas do que benefícios e por outras diversas vezes uma conduta tido por imoral traz mais beneces do que prejuízos. Cautela meus amigos, muita cautela!!! O terreno é traiçoeiro. Devemos ser perseverantes e honestos com nós mesmos e procurarmos viver aquilo que cada um de NÓS considera certo, pois no final das contas, quem vai dizer o que é certo ou errado não seremos nós, embora já saibamos de antemão, quem seja!!! Abraço a todos!!!

Anônimo disse...

Reli mais uma vez o seu, inflamado, texto e me ative na parte que você fala da FIDELIDADE, principalmente a amorosa. Admito, já trai, já fui traído. É uma coisa lógica, se você trai, está, logicamente assumindo o risco (dolo eventual) de ser traído, pois, como diria um BAGUAL: Ninguém morre "moxo"!!! Ou então: "O que os olhos não vêem o coração não sente". Mas, voltando ao ponto, pergunto a você, Nightcrawler: Como você explicaria o binômio FIDELIDADE/HONESTIDADE em uma sociedade POLIGÂMICA!!! Acho que não entenderiam.
Outra questão, no que tange a FIDELIDADE, por exemplo, é o nível da relação no que faz menção as 2 pessoas do CASAL. Enquanto não criam um verdadeiro vínculo, no qual ambas, em tese, se comprometem de forma paritária, pode haver um menor, ou maior, COMPROMETIMENTO de um para com o outro. E esse dito comprometimento, ou a falta dele, é que pode dar ensejo a TRAIÇÃO. Em outras palavras: Por vezes, nessa busca incessante das pessoas na procura da sua alma gêmea, ocorrem "acidentes de percurso", ou seja, você acaba se entregando a alguém que não se entrega a você e, não raras vezes, exigimos que isto ocorra. Por mais uma vez faço uma releitura do que você afirma. Somente pode haver COMPROMETIMENTO inquebrável quando a reciprocidade é de igual calibre. E como vamos saber isso? Eu acredito que somente no final da vida, quando fizermos um balanço do que fizemos de certo ou errado e, consequentemente, termos nos ARREPENDIDO de todos os nossos erros!!!

NightCrawler disse...

Explicar para uma sociedade poligâmica o conceito de "fidelidade una" seria como ensinar uma tribo canibal que comer um ser humano (no sentido alimentício da palavra) é errado. Sociedade é um contrato, e nos atemos às regras desse contrato, pela "moral" ou pelos "bons costumes", que na verdade são ditames baseados em conceitos maiores. Então, em NOSSA sociedae (que é a única sobre a qual me atrevo a falar), fidelidade é atrelada ao conceito de monogamia.

Se você está numa relação, assuma a responsabilidade, não importando o que a outra pessoa pense, pois você NUNCA vai saber exatamente o que ela pensa. Aja por si, pelos TEUS princípios. Se estiver insatisfeito, ou se ela der motivos, PULE FORA. De que adianta continuar? Agora, se você acha que está tudo bem, assuma que ela ache também. Dessa forma você age por si, pelo que acreditas, e não por suposições ou hipóteses. Isso se chama paranóia e provavelmente vou falar sobre isso uma hora dessas...

Anônimo disse...

Somente alguém que viveu uma vida sem grandes percalços pode ter uma visão tão, mas tão utópica como a sua. Embora não o reprima de tal pensamento, até o admire por isso, espero que você não sofra, se é que já não sofreu, com sua visão altamente ortodoxa acerca dos fatos. Você tem razão naquilo que diz, porém, temos de ter uma certa dose de maleabilidade e uma pitada de malícia em nossas vidas para que não sejamos derrotados por nós mesmos. Abraço!!!

NightCrawler disse...

A maleabilidade e a malícia são pequenas mentiras. E é assim que tudo começa, um "jeitinho" aqui, uma "ajuda" ali. Não digo que não devemos ser maleáveis, por vezes é necessário. Mas acreditar que isso é bom, que isso é certo... Não meu amigo, não é. Quando a maldade (em qualquer forma, por menor que seja) vira a regra, e não a exceção, aí nos perdemos, aí começamos a acreditar nas nossas próprias mentiras. Passamos a aceitar como correto esses valores invertidos. Colar na prova, roubar um doce, bater no cara mais fraco. Tudo começa assim.

Anônimo disse...

Então atire a primeira pedra caso você não tenha feito alguma coisa que vá contra tudo o que você escreveu acima!!! Acho que a HIPOCRISIA é muito pior!!! Reveja seus conceitos caso esteja em uma nova FASE!!! Abraço!!!

NightCrawler disse...

Surpresa ao ver esse post. Sim, nova fase, mudanças com certeza, mas a honestidade não muda, não mascara. Claro que já cometi erros, mas aguentei as consequencias (fim do relacionamento) no osso do peito. Se nesta nova fase não quero me comprometer, não vais me ver jurando amor para nenhuma menina, e pelo contrário, deixo bem claro o que sinto (ou no caso não sinto). Sinceramente, eu posso analisar teu perfil pelos teus posts, e me deixe, claro, com a superficialidade que tenho para contigo, afirmar: você está tentando justificar algo para si mesmo que é errado, simplesmente errado, das duas uma, assuma que é errado e continue assim, ou, mais difícil, MUDE.

Anônimo disse...

Ao dizer que cometeu erros, meu caro amigo, inegavelmente você afirma que já foi desonesto!!! Sinto que tenha essa visão distorcida ao meu respeito, pois tenho para mim muito bem o que é certo e o que é errado, e, sei muito bem quando o "aparente certo" vai trazer muito mais mazelas do que benesses, ao passo que você, talvez por ingenuidade ou falta de vivência (sem caráter ofensivo), parece não saber distinguir!!! Não preciso justificar nada e, caso assim pareça, creio que fui mal compreendido. Apenas vejo uma pessoa, aparentemente de bom caráter, escrevendo de forma um pouco extremada. Para viver é preciso ter muito mais bom senso do que especificamente honestidade. Por acaso já leu o livro "Les misérables" de Vitor Hugo? Observe a quantidade de sofrimento passado pelo personagem principal em nome da honestidade. Você faria tudo o que ele fez ao pé da letra? Tenho para mim que não faria nem a metade!!!

Anônimo disse...

Para finalizar(pelo menos de minha parte): Você agiria de forma honesta caso esta "honestidade" fosse prejudicar alguém próximo (pai, mãe,irmão, esposa, etc.) a você? Posso até estar exagerando, porém, em razão do absolutismo com que escreve, somente assim é que se pode revelar o quão extremado é o seu pensamento. Essa é a maleabilidade de que falo, é o bom senso que devemos ter para não sermos mortos por nós mesmos. Não há um "bem" ou "mal" absoluto!!! Não peço que seja desonesto ou algo do gênero... apenas espero que tenha bom senso para decidir o que é certo ou errado na hora "H" e não por valores absolutos preexistentes. Abraço!!!