Finitude, natureza
Ótimo título. Creio que prendi sua atenção por um tempo.
Este post deriva de diversas conversas, com diversas pessoas. Se eu expressar a opinião de alguém aqui e não mencionar o nome, por favor, não se sintam ofendidos. Não é como se eu fosse ganhar dinheiro a partir disso.
Somos finitos. Pronto, eu disse! Se somos finitos, quer dizer que nascemos, crescemos, vivemos nossas vidas, e MORREMOS. A morte é uma consequência natural da vida e o fim imutável de uma existência. FIM! Sim! Mesmo que juntássemos todas as teorias malucas sobre dimensões, sobre energia, matéria e as infindáveis discussões sobre este universo, sobre outros, não poderíamos achar diferente. Mas espere um pouco... Muita gente acha! Reencarnação, possessão, espíritos, anjos, demônios, etc. O ser humano tem medo da morte, é um fato. Aliado a progressão do pensamento humano, da própria evolução da espécie, afim de explicar tudo que é difícil demais de conceber. O medo que sentimos desde que tomamos consciência de nossa existência gerou mitos, crenças que sobreviveram durante gerações. Para aplacar o medo da morte, da finitude essencial humana, diversos artifícios foram criados, e destes artifícios nasceram as religiões. O conceito primordial de uma religião é o pós-vida. O que acontecerá depois que morrermos.
Pode ser sim, que uma energia superiora à tudo, mesmo a nossa vaga compreensão de universo, possa conservar nossa consciência fora de um corpo físico. Digo isso impulsionado por uma convicção herdada desde gerações anteriores, numa tentativa de mesclar o que eu quero acreditar com o que eu acredito mesmo. Muita gente faz isso. Mas daí a dizer que continuamos nossa existência, que podemos influenciar na vida dos vivos depois da morte. Que vamos reencarnar. Não, desculpem.
Como diz meu velho pai: morreu, fedeu! Morte é isso, é dormir sem acordar, é deixar de existir. Se um grande Poder Superior é capaz de reverter isso, pode ser. Mas daí a crer que espíritos nos rondam e estão entre nós, me poupem.
Para acreditar nisso, é necessário um antropocentrismo extremo. Acreditar que não só somos os únicos serem com consciência neste planeta, mas também os únicos com espírito, com alma. Os únicos dignos de voltar e viver outra vida. É acreditar que somos melhores que todos os outros seres vivos na natureza só porque podemos dizer isso um ao outro. É acreditar que a natureza não existe, e não tem as mesmas regras para todos os habitantes desse planeta. É erguer o pedestal dourado reservado aos humanos, que nem de longe o merecem. Caso contrário, pisar numa formiga é horrível, afinal, matamos um ser. Onde será que ele vai reencarnar. Será que aquele mosquito não era um parente distante? Aviso aos navegantes: o ser humano não é tão bom assim, que mereça um privilégio como este. Não fomos criados a imagem e semelhança de algo tão superior que só pode ser parecido conosco. O que aconteceu foi o contrário. O ser humano, em sua vaidade e crença, construiu um Poder Superior à sua imagem e semelhança. Será que esta energia universal poderosa precisa ter um rosto?
O bem e o mal, como os concebemos, são um resultado psico-social. São reflexos de nossos medos e angústias, do ambiente e dos costumes. Basta ver que em diferentes partes do mundo, o bem e o mal tem diferentes sentidos. Pecado mortal matar aquela vaca na índia. Me manda mais um hamburguer nos EUA. Maldade = socialmente reprovado, bondade = empatia humana. Por que motivo deveria a natureza, implacável, soberana e poderosa, se ater a estes conceitos humanos. Todos, em sua existência, já se perguntaram: qual a razão do sofrimento inocente? Não existe razão. Existe apenas um frágil equilíbrio natural, onde este planeta nos sustenta enquanto espécie, e existe a natureza depravada humana, que cria as atrocidades. Uma carga de adrenalina no cérebro, e um ser humano pode matar, revelando sua natureza básica e instintos. Alguns componentes químicos são tudo que nos separa de nossa natureza animal, selvagem, sobrevivente. É o mecanismo que a natureza implantou para nos manter vivos. Defeitos acontecem, erros acontecem, a natureza erra, o ser humano erra. É a maneira encontrada pela natureza de criar, inovar, e quem sabe, dar certo. Isso é evolução.
A mesma natureza que pode ser a beleza do sol, ou a destruição de um vulcão. A serenidade de uma brisa, e um poder de um furacão. A mesma natureza que engloba, sem pudor, tudo que amamos ou odiamos. A vida, e a morte. O bem, e o mal. A mesma natureza que, embora nunca venhamos a admitir, nos domina. E todos estes séculos lutamos para ganhar dela. Até vir o Tsunami, ou o terremoto. Ou até que a natureza torpe e distorcida de alguns humanos destruam e matem. E venham as Guerrras.
Pensem sobre isso...
PS: Em breve, post sobre ecologia.