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1 de jan. de 2009

Turismo e a consequência: Indignação

Semana passada eu estava na Argentina. Eu e minha namorada fomos com um casal de amigos para Puerto Iguazu, fazer turismo. Para quem não sabe, Puerto Iguazu faz divisa com a cidade Brasileira de Foz do Iguaçu, e Foz faz divisa com Ciudad Del Este, no Paraguai, através da Ponte da Amizade. Tanto em Puerto Iguazu como em Foz podemos visitar as famosas Cataratas do Iguaçu, e na divisa com o Paraguai temos a Usina Hidrelétrica Binacional de Itaipu, a maior em geração de energia do mundo. São duas maravilhas, uma da natureza (www.n7wn.com) e a outra, da engenharia.

Para chegar lá, resolvemos ir pela Argentina. Atravessamos a fronteira em Porto Xavier, para a cidade Argentina de San Javier, de balsa. Seguimos até Leandro N. Além e depois pegamos a Ruta 12, passando por Eldorado até chegar a Puerto Iguazu.

Ficamos hospedados em um hotel na beira da Ruta 12, de onde saímos para visitar os pontos turísticos, que em si rendem uma outra postagem. No momento, no entanto, quero comentar sobre a viagem em si. A primeira coisa que se nota na Argentina, quando praticamente se atravessa a província de Missiones de carro, como fizemos, são sem dúvida as estradas. São um asfalto espelho, chega a dar vergonha das esburacadas estradas brasileiras. Não são apenas os buracos, a sinalização na Argentina chega a ser exagerada de tão boa. Mesmo para alguém como eu que nunca tinha ido tão para o norte, parece que a estrada não reserva surpresas, de tantos sinais. Pista duplicada em subidas, acostamento regular nas estradas, nunca vi tanta polícia em uma estrada. Dá até para correr um pouco, e mesmo assim se sentir seguro, aliás, os Argentinos VOAM nas estradas (em geral). Me pergunto se a taxa de acidentes de trânsito lá é menor ou maior do que aqui, em nossas esburacadas, mal sinalizadas, cheias de radares contra excesso de velocidade, estradas.

Falando em segurança, lá há muito policiamento. Passamos por várias barreiras, na maioria, não se interessavam em parar o carro, e fomos liberados em cinco minutos na única parada.

Abastecemos o carro em Leandro Além, e lá o frentista me explicou sobre os três tipos de gasolina Argentina. Temos a "nafta" com 85%, a "nafta" com 90% (seria a nossa Supra, ou aditivada) e ainda temos um combustível superior com ainda maior taxa de octanagem. O frentista aconselhou não abastecer com esta, visto que nosso carro brasileiro poderia ter problemas com ela. A nafra superior argentina rende um bocado, de alta pureza, fornece mais potência. Além disso, com o equivalente a 80 reais, daá para encher o tanque. Alguem lembra de nossa diluída, cheia de metanol, caríssima gasolina?

Se fôssemos fazer o mesmo trajeto para chegar na cidade brasileira de Foz do Iguaçu por dentro do Brasil, levaríamos mais de 5 horas de muitos buracos, entraves, falta de sinalização e radares.

Outra coisa que me chamou a atenção enquanto tomava uma cerveja Argentina (muito melhor que a Brasileira, por sinal) foi a conversa de dois brasileiros que moram na Argentina, na região fronteriça. Um deles comentava que tinha um caminhão carregado, parado em Oberá pois os trabalhadores estavam em greve, descontentes com a Presidenta. Comenta ainda, zombeteiro, que na Argentina um marido traído se sente mal e vai "queimar pneu na esquina" para protestar. Este simples fato revela muito sobre a natureza de ambos os países.

Então ontem, almoçando com minha namorada em um restaurante, escuto a notícia que o processo (privatizado) para habilitar-se a dirigir um veículo no Brasil vai ficar ainda mais caro. Um aumento enorme, chegando aos 30%. Eu imagino quantos "pneus seriam queimados" na Argentina se um disparate como esse acontecesse. Imagino quanto tempo o governo aguentaria uma população indignada e revoltada contra uma atitude absurda como essa. Imagino se essa loucura, que não se deram o trabalho nem de mascarar, com certeza voltada a aumentar os LUCROS dessa MÁFIA das auto-escolas, duraria muito tempo.

Enquanto aguentamos o fardo de uma das maiores cargas tributárias do mundo, não dispomos de educação, saúde nem segurança, zombamos de nossos indignados vizinhos que exigem seus direitos nas ruas, como a geração cara pintada vez, e eu nunca mais tive o prazer de ver acontecer.

CLARO que não é uma utopia, a Argentina não é perfeita, longe disso, mas me pergunto se ela não está mais avançada no processo de evolução que os países sofrem ao longo do tempo do que o Brasil. Também deixo claro que AMO meu país, e exatamente por isso me deixa triste ver que nossa extensa costa, recursos naturais, extensão gigantesca e abundância geral estão cercados por má administração e corrupção no mais altos escalões. E enquanto expresso minha opinião, tantos vivem o "rouba mas faz" ou o "ah, não é comigo".

Enquanto espero que nossa geração (geral, mundial) limpe nosso planeta, acabo me desesperando com a visão de nossa geração (nacional, brasileira) parecendo decair e perpetuando a corrupção e a política do "termina em pizza"... Enquanto isso, engessam, empobrecem e amedontram a polícia, nossos guardiões, para garantir direitos a ladrões. Enquanto o ladrão da padaria vai para o presídio algemado, o colarinho branco não pode ser algemado e cumpre "cárcere privado". Nossos mais altos tribunais PUNEM juízes honestos e linhas dura que resolvem PRENDER um vagabundo ladrão que possui amigos influentes.

Enfim, indignado, desejo um Feliz 2009, inspirado pelo Bono Vox, afirmando:

Nada muda no ano novo.

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