Mudanças e noção de realidade
Eu venho segurando meu jeito de ser desde tempos imemoriais. Sempre fui criticado pelos meus relacionamentos e a forma como me comporto, dizem que me dedico demais, que isso não faz bem, que eu estrago as gurias, e que sempre acabo me machucando. Após longos anos, e grandes decepções, eu cedi a pressão. Mas não do jeito que me aconselharam... Já diz o Disturbed em sua música "I'm Alive": "to change myself, I rather die". Simplesmente não vou deixar de ser como sou, a mudança mataria tudo em que acredito e as bases morais e psicológicas nas quais baseei toda minha vida. Então, mudarei uma coisa mais fácil, meu comportamento. Aqui está, senhoras e senhores, um solteiro por opção e agora por convicção. Falando sério, acho que só entro num relacionamento para casar a partir de agora, e certamente não em um futuro próximo. Como o coração tem razões que a própria razão desconhece, tenho certeza que isso pode mudar, mas terá que ser uma "avalanche" para abalar esta decisão. Preciso de um tempo para mim, um bom tempo, e estou investindo nisso. Preciso reencontrar as asas, e preciso da liberdade de sentir, sem medo, mas sem exageros. Eu preciso me encontrar novamente, como alguns anos atrás eu fiz, e nisso ninguém pode ajudar. Eu preciso viver, com todas as forças e sem nenhum obstáculo. Um poeta já dizia que "aquele que liberta, prende muito mais do que o que aprisiona", e vou apostar nisso.
Mudando de assunto, vou falar um pouco sobre "noção de realidade". Recentemente tive uma experiência horrível na qual uma crítica a um amigo e seu comportamento me rende um final de semana terrível (ao menos a tarde de sábado). Na verdade, se houvesse criticado apenas ele, mas acabei atingindo alguém mais, e enfim, por valorizar esta amizade, acabei por engolir tudo que realmente queria dizer, e procurei acabar com o assunto ali mesmo. A razão de ter criticado ele e a outra pessoa da qual não farei menção foi bem simples. Eu fiquei abismado com a ridicularização da palavra "amor" e de outros termos que outrora seriam aplicados a sentimentos tão profundos que por vezes transcendem tempo e espaço, de maneira indelével. A virtualização pela qual passa nosso mundo me assusta. As pessoas estão perdendo a noção de realidade. Eu passo em torno de 10 horas na frente de um compuador interligado a redes do mundo todo, e no entanto eu me esforço para deixar esta vida "virtual" extremamente ligada a minha vida real, exatamente para nunca perder esta noção de realidade. Tento alimentar minha mente com sentimentos e sensações reais, além de tentar manter meu corpo ligado a tais sensações, isso facilita deixar bem claras as distinções entre os dois mundos.
A Internet é um poço de informação, sem fundo. Mas é apenas informação, e muito pouco conhecimento. O conhecimento está contido em formas menos fluentes, mais difíceis de obter. Conhecimento, sobre a vida, sobre os sentimentos, está nas experiências. Se você não procura viver intensamente, acaba por se "chapar" com a ilusão virtual proporcionada por programas de mensagens instantâneas e jogos de computador. Nada contra ambos, eu sou um cara "online", e um gamer também. No entanto, se um grande amigo chegar na minha casa, não terei nenhum pudor em ignorar meus contatos online e jogos, e conversar. Além disso, escrever, ou digitar, ou "teclar", usando termos mais convenientes para a Internet, é muito fácil... Falar é difícil, e o teclado é a "muleta" perfeita. Todos somos eloqüentes e capazes de discursos impressionantes na Internet, muito poucos tem a mesma desenvoltura na vida real, em situações reais. É por isso que adolescentes trocam experiências por tempo online, gerando ócio e uma geração desmantelada psicologicamente e fisicamente. Somos vítimas da duplicidade de universos da qual fazemos parte.
Namoros e amores não nascem de conversas, nascem de experiências, é simples assim. Tudo que marca pode ser resumido ao "estar". Nada substitui um beijo, um abraço, um carinho, um toque ou uma palavra dita face a face. Ninguém me prova o contrário. Claro, tudo pode começar na Internet, mas daí para a realidade existe um fosso largo e profundo, e o problema é se acostumar, e encontrar-se psicologicamente preso a esta "droga" virtual, enquanto sua vida e juventude passam, o tempo que você está desperdiçando não voltará nunca. Chega uma hora na vida em que temos que parar para pensar, e não pensar besteira. Pensar no futuro, e no que ele nos reserva, e nos preparar. Tomar um porre de realidade e colocar os pés no chão, antes que nossa "parasitude" frente ao mundo se torne nossa única "vida". O computador, a internet e o virtual são como drogas, como qualquer psicotrópico existente. E tem feito vítimas aos milhares. Aliado a carga emocional da paixão, esta droga fica ainda mais forte, e te tira da vida real, rouba os amigos, as experiências, tudo. Ninguém é tão diferente, sentimos, como todos os outros, a diferença básica é que, se você se acostumou com isso, é difícil voltar.
Então, saia, respire o ar da vida, viva intensamente, ainda mais se você passou da idade de não estar nem aí para o mundo. Ele vai exigir de você eventualmente.
Aos meus amigos, parceiros, vocês sabem quem são, obrigado por estarem ali quando eu voltei de meu último passeio pelas terras da paixão. Não vou voltar para lá tão cedo!
Um comentário:
É verdade, tem gente que perde a noção da realidade mesmo, e perde a noção de tudo.
Mas pelo menos não sinto ameaçado no mercado de trabalho por essa nova geração de debilóides inexpressivos.
O passeio pela terra da paixão foi um bom termo hauahuha. Mas estamos aqui pra isso.
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