Ilustres colegas
Tenho somente simpatia pelos coitados que trabalham nesta mesmo profissão que escolhi. Claro que trabalho no setor público, o que aumenta os prazos e as responsabilidades (mas também o pagamento) e me permite tomar tempo para resolver situações complicadas. Entendo que outros profissionais prezem a rapidez e a EFICÁCIA do conserto e não EFICIÊNCIA (ou seja, que funcione, agora, e tá tudo bem). O problema é que eventualmente eu encontro um equipamento que teve um destes técnicos anteriormente fuçando nele. É um desastre. Aí entram os "formatadores", que serão alvo posteriormente.
Eu, como técnico, estudei muito, antes de começar a trabalhar onde trabalho hoje, eu fui da iniciativa privada, estagiário, interno, funcionário, responsável pelo setor e até gerente de projeto. Então eu entendo como a história funciona. Faça funcionar, receba o pagamento, espere dar pau, repita as anteriores. Mas eu sempre fui contra isso. Talvez por isso nunca tenho me dado muito bem nessa área, eu queria que a coisa funcionasse, sempre, do mesmo jeito. Se nada mudasse, o troço deveria funcionar (mudanças incluem raios, trocas de local, cabos puxados, e também outros técnicos fuçando onde não devem). Um cliente meu deveria passar alguns anos sem me procurar. E quando procurasse, o equipamento deveria ser trocado. Esse é até hoje meu lema.
Então, o problema não é consertar algo. É consertar algo que alguém tocou antes. É ter que se preocupar com o que diabos o cara fez. E eu vejo muito isso. O cara não sabe como a coisa funciona, então o que ele faz? Ele vai fuçando em tudo quanto é lugar, muda valores, ele quer que FUNCIONE! Rápido. Para que ele possa atender o próximo, e ser pago. E por incrível que pareça, isso FUNCIONA! De tanto fuçar, uma hora a coisa começa a funcionar. Mas quando parar. Meu amigo, sai de baixo.
Então eu peço aos meus colegas, principalmente aos ilustres desconhecidos que eu encontrei, em parte, em configurações ferradas em um sistema: NÃO FUÇEM ONDE VOCÊS NÃO SABEM!