Ciência, religião e ateísmo
Hoje eu olhei para o céu. Estava claro, azul, e o sol
brilhava do meu lado direito enquanto eu caminhava. Por um momento eu pensei em
como o ser humano é incrível, e como questionar a nossa própria existência e
lutar contra as forças naturais para ser a espécie dominante no planeta nos
torna realmente especiais.
Depois eu lembrei que, como espécie, tivemos 200.000 anos
para nos tornar assim, e apenas nos últimos 100 realmente avançamos de forma
contundente. Pensei em como a vida de um ser humano representa 130 milhões de
vezes menos que a idade de nosso Universo. Aí sim, me senti especial. Nessa
calamidade de eventos, eu sou um privilegiado por ser um aglutinado de carbono
consciente, que só aglutinou-se da forma correta para que eu seja o que sou
hoje pois incontáveis replicadores, desde o início dos tempos, tentaram com
avidez se replicar cada vez mais, até que macro organismos surgiram, e tornaram
tudo ainda mais complexo. Isso sem falar no nosso planeta, entre incontáveis outros, em incontáveis galáxias ao longo de um universo imenso, com um sol, água líquida e atmosfera capazes de sustentar a vida.
E quem me trouxe essa visão de mundo: a ciência. Eu gosto da
ciência, pois ela é uniforme e bonita. Ajusta sua visão de acordo com o que é
observado, portanto, é constantemente mutante e avalia-se o tempo todo. Mesmo o
que é certeza na ciência pode ser questionado, e se provado, vai refletir em
tudo. A ciência está temporariamente certa e errada, até que se prove. Todo dia
novas teorias surgem, e seus pais e adeptos tentam constantemente prová-las. Na
ciência não existe preconceito, pois como espécie temos, todos, mudanças tão
sutis que, geneticamente, somos todos semelhantes, e, portanto, discriminar é
ridículo. Um negro tem um DNA quase que exatamente igual ao meu, um branco, um
asiático, todos muito mais semelhantes que diferentes. Na ciência gênero ou
opção sexual realmente não interessam, desde que todos produzam mais
conhecimento para entender melhor o nosso universo. A ciência não nos dita como
viver nossa vida, ela nos dá dicas de como viver melhor, de como nos preservar
e preservar nosso ambiente, mas ela não pune quem não aceita os conselhos, pelo
contrário, estuda nossas reações e procura explica-las, a natureza se encarrega
das punições. Essa ciência danada, tentando explicar tudo, e não jogando nada
fora.
E esse é o motivo de eu ser ateu. Eu mudei bastante nos
últimos anos. Abracei o fato de não acreditar em uma divindade e saí do “espiritual,
mas não religioso” para ir para uma visão naturalística do mundo e para a
ciência.
Eu sei que nunca vou convencer ninguém a deixar de crer no
que crê, mas, como eu disse, a ciência está temporariamente certa e errada, até que
se prove o contrário. Você não pode provar que deus existe, e eu não posso
provar que não existe (até porque provar uma negativa é impossível). Mas eu
posso aceitar a teoria mais plausível, que é ele não existir, o universo não
ter 6 mil anos, e a mulher não ter sido feita da costela do homem. Enquanto
isso eu uso o bom-senso e a responsabilidade social para me ensinar o que é certo e errado, e tento viver
pelo certo. Se eu (e a ciência) estiver errado, e existir deus, e existir um
céu e um inferno, e eu estiver diante dos portões após minha morte, eu vou
poder dizer que embora eu não tenha seguido os dogmas ridículos, os rituais
toscos e os ensinamentos retrógrados de nenhuma religião (afinal, qual é a correta?),
eu fui uma pessoa boa. E se qualquer religião estiver certa, e deus for
perfeito, quero ver ele me mandar para o inferno. Seria uma sacanagem!
Enquanto isso, eu vivo minha vidinha insignificante, da
melhor forma possível, e agradeço a
ciência que me permitiu, através da medicina e de tantas outras disciplinas,
viver mais e melhor que meus antepassados. E vivo intensamente, pois cada ano
que passa é uma comprovação da superação humana, e de nossa evolução. Saboreio cada momento com amigos, família e prazeres diversos, como comer um sushi acompanhado da noiva ou viajar para um show de Heavy Metal e rever os amigos (que batem esse tipo de papo sem se ofender). E admiro poder questionar tudo isso sem que um fundamentalista
ignorante queira me matar porque eu penso diferente dele, infelizmente, nem todos podem.
PS: Se existir um deus, e um céu, e um inferno, esses
ignorantes que desprezam quem pensa diferente, que usam um livro mal traduzido
de séculos atrás para justificar indiferença, violência e desigualdade, vão
para o inferno.
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