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28 de mar. de 2013

Ciência, religião e ateísmo


Hoje eu olhei para o céu. Estava claro, azul, e o sol brilhava do meu lado direito enquanto eu caminhava. Por um momento eu pensei em como o ser humano é incrível, e como questionar a nossa própria existência e lutar contra as forças naturais para ser a espécie dominante no planeta nos torna realmente especiais.

Depois eu lembrei que, como espécie, tivemos 200.000 anos para nos tornar assim, e apenas nos últimos 100 realmente avançamos de forma contundente. Pensei em como a vida de um ser humano representa 130 milhões de vezes menos que a idade de nosso Universo. Aí sim, me senti especial. Nessa calamidade de eventos, eu sou um privilegiado por ser um aglutinado de carbono consciente, que só aglutinou-se da forma correta para que eu seja o que sou hoje pois incontáveis replicadores, desde o início dos tempos, tentaram com avidez se replicar cada vez mais, até que macro organismos surgiram, e tornaram tudo ainda mais complexo. Isso sem falar no nosso planeta, entre incontáveis outros, em incontáveis galáxias ao longo de um universo imenso, com um sol, água líquida e atmosfera capazes de sustentar a vida.

E quem me trouxe essa visão de mundo: a ciência. Eu gosto da ciência, pois ela é uniforme e bonita. Ajusta sua visão de acordo com o que é observado, portanto, é constantemente mutante e avalia-se o tempo todo. Mesmo o que é certeza na ciência pode ser questionado, e se provado, vai refletir em tudo. A ciência está temporariamente certa e errada, até que se prove. Todo dia novas teorias surgem, e seus pais e adeptos tentam constantemente prová-las. Na ciência não existe preconceito, pois como espécie temos, todos, mudanças tão sutis que, geneticamente, somos todos semelhantes, e, portanto, discriminar é ridículo. Um negro tem um DNA quase que exatamente igual ao meu, um branco, um asiático, todos muito mais semelhantes que diferentes. Na ciência gênero ou opção sexual realmente não interessam, desde que todos produzam mais conhecimento para entender melhor o nosso universo. A ciência não nos dita como viver nossa vida, ela nos dá dicas de como viver melhor, de como nos preservar e preservar nosso ambiente, mas ela não pune quem não aceita os conselhos, pelo contrário, estuda nossas reações e procura explica-las, a natureza se encarrega das punições. Essa ciência danada, tentando explicar tudo, e não jogando nada fora.

E esse é o motivo de eu ser ateu. Eu mudei bastante nos últimos anos. Abracei o fato de não acreditar em uma divindade e saí do “espiritual, mas não religioso” para ir para uma visão naturalística do mundo e para a ciência.

Eu sei que nunca vou convencer ninguém a deixar de crer no que crê, mas, como eu disse, a ciência está temporariamente certa e errada, até que se prove o contrário. Você não pode provar que deus existe, e eu não posso provar que não existe (até porque provar uma negativa é impossível). Mas eu posso aceitar a teoria mais plausível, que é ele não existir, o universo não ter 6 mil anos, e a mulher não ter sido feita da costela do homem. Enquanto isso eu uso o bom-senso e a responsabilidade social para me ensinar o que é certo e errado, e tento viver pelo certo. Se eu (e a ciência) estiver errado, e existir deus, e existir um céu e um inferno, e eu estiver diante dos portões após minha morte, eu vou poder dizer que embora eu não tenha seguido os dogmas ridículos, os rituais toscos e os ensinamentos retrógrados de nenhuma religião (afinal, qual é a correta?), eu fui uma pessoa boa. E se qualquer religião estiver certa, e deus for perfeito, quero ver ele me mandar para o inferno. Seria uma sacanagem!

Enquanto isso, eu vivo minha vidinha insignificante, da melhor forma possível, e agradeço a ciência que me permitiu, através da medicina e de tantas outras disciplinas, viver mais e melhor que meus antepassados. E vivo intensamente, pois cada ano que passa é uma comprovação da superação humana, e de nossa evolução. Saboreio cada momento com amigos, família e prazeres diversos, como comer um sushi acompanhado da noiva ou viajar para um show de Heavy Metal e rever os amigos (que batem esse tipo de papo sem se ofender). E admiro poder questionar tudo isso sem que um fundamentalista ignorante queira me matar porque eu penso diferente dele, infelizmente, nem todos podem.

PS: Se existir um deus, e um céu, e um inferno, esses ignorantes que desprezam quem pensa diferente, que usam um livro mal traduzido de séculos atrás para justificar indiferença, violência e desigualdade, vão para o inferno.

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