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7 de out. de 2005

Situações inusitadas

Tem coisas na vida que fazem o cara pensar: "minha nossa, essa foi por pouco" ou "putz, agora ferrou", e essas frases simplesmente acabam com a gente, esquecemos que somos gente, esquecemos de quem amamos, simplesmente somos tomados pelo terror. É aquele breve momento depois de uma burrada MUITO grande, quando só conseguimos pensar nas consequências imediatas terríveis daquele ato. É quase um momento aparte no tempo, não damos atenção a mais nada, a não ser aos riscos, prejuízos e danos inerentes ao que acabou de acontecer.

Exemplificando (história verídica): Um cara estava construindo um programa, na época, super-complicado, valia muito dinheiro, estava quase terminando, faltavam dois dias para o prazo final, a felicidade só estaria completa com a última linha de código. Uma última compilação para ver se estava tudo OK. Mas que droga, falta espaço em disco... Não tem problema, o diretório temporário deve estar cheio, uma limpeza e eu volto a ativa. Sequência de comandos:

Como deveria ser:

unix /work # cd /tmp
unix /tmp # rm -rf *
unix /tmp # cd /work
!continua trabalhando!

Como foi:

unix /work # cd /tnp
No such file or directory
unix /work # rm -rf *
!desespero!
CTRL+C, CTRL+C, CTRL+C, CTRL+C, CTRL+C, CTRL+C, CTRL+C, CTRL+C


Esse momento de !desespero! eh quando você dá um "ls" para ver os arquivos, nota que 90% sumiu, daí nota que o "ls" em si pode estar sobrescrevendo os inodos em disco onde estavam os arquivos e se arrepende, pensa em dar um "halt" mas lembra que isso também vai ocupar os inodos, pensa em desligar direto, mas isso pode corromper o espaço onde seus arquivos estavam. Você entra em completo estado de terror. O cara se safou no final, mas o trauma foi grande.

Ou quando você está em casa, você chegou da faculdade e precisa pegar um ônibus para ir para outra cidade, a passagem está comprada para as 23 hs. Devido a correria, não deu muito tempo para olhar para o relógio, mas você tem certeza que ainda falta bastante tempo. Você resolve ligar para a namorada/família/amante e durante a conversa você olha distraído para o BINA e checa as horas, 22:50 . Você fala pra pessoa que está atrasado, tem que ir, desliga, mas no desespero não consegue nem juntar suas coisas, malas, apetrechos, cadê a droga da carteira, e as chaves? Putz, perdi o ônibus, e agora, como vou justificar, se eu não tivesse ligado, puxa vida, e agora. Aí você finalmente olha pro relógio de pulso, 21:50, olha para o celular, 21:50, liga para o "Hora Certa", 21:51. Ainda com a adrenalina no sangue, trêmulo e se sentindo um idiota, você para, respira, liga novamente para a pessoa que você desligou na cara, pede desculpas e continua a conversa.

Nestes momentos nossos sentimentos mais primitivos fazem com que a consciência seja perdida e tudo vai pro saco, tudo mesmo, não se raciocina mais, é instinto, é sobrevivência, e aí fazemos mais merda ainda, e tudo se complica.

Agora me diz que tu nunca passou uma dessas. Perder a carteira e depois notar que ela tá no bolso, perder a chave e perceber que ela ficou no carro, fechar a chave do carro dentro dele, deixar a porta que só abre por dentro bater contigo de fora, olhar as horas errado, perder aquele documento importante que deve ser apresentado daqui a pouco, perder o ônibus, esquecer o dinheiro, falar a coisa errada pra pessoa errada na hora errada (tipo comentar que a palestra tá uma merda e perceber que o cara sentado na tua frente é o irmão do palestrante), eu poderia adicionar mais exemplos, mas deixo para a imaginação de vocês.

É foda, mas acontece.

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