Comportamento, ciência, tecnologia, direito, política, religião, cinema e televisão, alguma controvérsia, algum bom senso, e um pouquinho de besteira, para dar um gostinho...

7 de mai. de 2006

A Evolução e os bons tempos

Ontem estava lendo uma crônica do Luis Fernando Veríssimo muito boa. Basicamente, ele falava sobre quando um amigo dele contou sobre um acampamento e como foi bom "respirar ar puro, contato com a natureza e cagar atrás da moita", e a indignação deste grande autor quanto ao fato de "cagar na moita". Ele criticou veementemente (porém de forma bem-humorada, como sempre) que algumas pessoas zombem dos avanços tecnológicos, dos cientistas, engenheiros, que nos presentearam com o sanitário, com todas as modernidades que facilitam nossa vida, apenas para "cagar no mato". Claro que o tom zombeteiro me despertou alguns pensamentos. Eu, um amante e defensor dos acampamentos e dessa volta à natureza (e ao mesmo tempo um Geek tecnológico de última instância).

Isso me levou a pensar em uma frase que meu velho e sábio pai mencionou certa vez. Ele disse que estava conversando com um amigo e que seu amigo lhe disse "Bons eram os velhos tempos". Até pensei que meu pai iria começar uma história de seu tempo ou coisa parecida. Para minha surpresa, meu velho pai começou a criticar aquela afirmação! Nunca me esquecerei! "Bons? Que bons que nada, eram tempos terríveis, sem energia eletríca, sem esgoto, sem água encanada." E então eu me comecei a me questionar: qual o verdadeiro valor do antigo mundo que se foi fora as lembranças e memórias?

Lembrei-me do meu tempo de criança, em que era normal a criançada passar a tarde toda fora, brincando nos potreiros de atirar bosta seca uns nos outros, ou jogando bola, ou andando de carrinho de rolimã. Lembro das horas montando maquetes e das feiras de ciências em que explodíamos coisas (em nome da ciência), lembro-me de subir nos pés de pitanga, ariticum e ingá, e cair de lá de cima para se esborrachar, lembro-me de andar de bicicleta, minha nossa, era quase como se não soubéssemos mais caminhar, éramos um com as bikes. Lembro-me de minha infância brincando de pega-pega. Lembro inclusive das artes, de estourar rojão, de fazer arco e flecha e brincar com "trabuco" de taquara, de fugir dos cachorros nos pomares particulares e de fazer rally nos cantos mais remotos de minha cidade. Hoje em dia, as crianças passam mais tempo na frente do computador que tomando sol. Os jogos eletrônicos são vício, gerando ócio, obesidade e problemas inimagináveis no futuro. Nossas crianças se entocam em casa pois nada oferece mais facínio lá fora. Perderam o brilho das travessuras, das brincadeiras de pega-pega e esconde-esconde. São múmias na frente da TV e jogam futsal para esconder sua total falta de atividade.

Então eu me pergunto: onde vamos parar? O que era melhor, nosso passado ou futuro? Acho que um meio termo iria bem...

Queria que como nós, as crianças jogassem vídeo game e quando enjoassem saíssem ralar o joelho. Só um pouquinho... Faria bem.

Um comentário:

Caio Verídico disse...

Cara, eu estava pensando sobre isso outro dia. Gurizada pançuda! A gente sempre gostou de video games e computadores (e sou grato aos meus pais por terem me proporcionado isso com muito esforço) mas nunca foi um vício ou abuso. Se era pra abusar, abusávamos (abusamos??) durante um dia inteiro e depois voltávamos ao normal, andar de bike, jogar bola no meio da rua parando o jogo sempre que um carro passasse e tomando banho de rio pelos sítios afora. Espero que quando tivermos nossos próprios filhos saibamos como lidar com isso, porque pode soar meio idiota mas, ERA LEGAL JOGAR BOSTA SECA UM NO OUTRO! Heheuhueehe, valeu Dani, grande abraço, aparece por ae primo.