Comportamento, ciência, tecnologia, direito, política, religião, cinema e televisão, alguma controvérsia, algum bom senso, e um pouquinho de besteira, para dar um gostinho...

16 de mai. de 2006

Provas

Primeiramente, ao contrário de outros posts, não permitirei comentários neste. Talvez por ser uma opinião extremamente pessoal, talvez por eu possuir as dificuldades que descrevo e o resto das pessoas não partilharem desse desespero, e talvez por simples respeito à minha opinião e também à de quem ler este post.

Cabe dizer que sou um cara experiente em provas. Já passei por quase tudo neste campo, desde o primeiro grau, segundo grau, vestibular, PEIES, cursos, concursos, faculdade, estágio, entrevista de emprego, etc. Foram tantas formas de testar a minha capacidade que eu acabei separando elas. Em especial farei referência às provas de faculdade, com as quais tenho maior contato, mas o que vou dizer vale para mais áreas.

Segundo critérios meus, dividi as provas em 7 categorias, nomeei-as de forma a deixar bem clara a minha opinião sobre a categoria, e não pude deixar de fazer como os cientistas, atribuir um nome "científico" e um nome "comum". Passo agora a classificação:

1) A prova de proporção 1 (prova "fudida") - Exemplos clássicos são as provas da cassada CESPE/UNB. Neste tipo de prova, cada questão errada anula uma correta. Na maioria destas provas, você tem duas opções, CERTO ou ERRADO, e a famosa terceira opção. A terceira opção dá balanço e uma certa equalidade à prova. Equivale a dizer "Não sei a resposta, não terei este ponto, mas não me penalize por este motivo". Eu particularmente me sinto pressionado por este tipo de prova pois sou extremamente INDECISO, levando à dúvidas que levam inevitavelmente ou a perder uma questão que eu sabia por incerteza ou a anular uma que eu sabia por ter errado.

2) A prova objetiva normal (prova cola ou prova preguiça) - O professor estava com preguiça de elaborar uma prova, era tarde da noite. Uma questão, uma resposta correta, todas as outras erradas. Simples, fácil de elaborar, fácil de colar. Na minha opinião esse tipo de prova nada avalia, serve apenas para o professor fingir que aplicou um teste e o aluno fingir que foi testado. É um mata-tempo que simplesmente me enoja. Nunca fui muito de estudar, mas este tipo de questão subestima minha inteligência.

3) A prova objetiva séria (prova "mifu" ou "eba" dependedo de como você estudou) - O professor, com toda a vontade, elaborou quesitos básicos em seu plano de estudos, posicionou estes quesitos em teorias ou práticas passadas em aula e elaborou uma prova objetiva simples. Uma pergunta, uma resposta. Curto e grosso. Fácil correção mas elaboração penosa, pois o professor diligente ainda embaralha a prova, as questões, tem 4 gabaritos e identificação única. Ele literalmente fez seu dever de casa. O aluno que estudou vai ir bem. O que não estudou vai colar e se ferrar ou errar tudo logo. Prova demorada, pensativa, mas não literalmente estressante, no máximo terás dúvidas em uma ou outra. Os pontos específicos básicos que estão claros serão certeza e o aluno preparado vai se dar bem. Muito rara.

4) Objetiva penosa (prova "carrasco") - Esta é a famosa prova das "assertivas". O professor, que desta vez teve tempo, ânimo e disposição (mérito dele), elaborou diversas afirmações, algumas corretas, outras erradas, colocou algumas destas em disposição randômica e elaborou respostas inebriantemente complicadas. a) Somente I está correta. b) Somente I e II estão corretas. (...) (todas as combinações possíveis) (...) x) Nenhuma está correta. y) Todas estão corretas. Esta prova é injusta, quase imoral. Força o aluno a se confrontar com dúvidas e mais dúvidas e tem um fator de desigualdade quase desumano. A probabilidade de se errar a questão é ENORME e aumenta a cada assertiva colocada e a cada opção de resposta possível. Mas veja o lado do professor. É FACÍLIMA de corrigir, não tem recurso (na maioria dos casos), mas possibilita a cola. É o legítimo "me quebro agora e descanso depois" para eles. Pobres alunos.

5) Prova subjetiva (prova "pessoa") - A prova subjetiva é exatamente o que seu nome determina. Temos uma questão, com uma resposta possível e vários quesitos nesta resposta. O professor não tem muito trabalho para elaborar a prova, mas a correção é uma das mais penosas. Esta prova deixa o aluno um pouco mais tranquilo (veja que sempre me refiro ao aluno que ESTUDOU), pois mesmo que ele não saiba todos os quesitos, ele passou por esta matéria e se lembra (dependendo da didática do professor, lembra nitidamente) da maioria dos quesitos. É a tal da prova que o cara pode errar apenas 1/8 (um oitavo) da questão. Dependendo da discricionalidade e da capacidade do professor de avaliar a resposta do aluno, esta prova se torna equalitária. É quase impossível colar nesta prova. O aluno que estudou vai bem ou prepara-se melhor para a próxima.

6) Prova de verdadeiro ou falso (prova "cara e coroa") - É a prova tosca, está em extinção. Perfeita em proporção e cheia de defeitos em termos de avaliação. O cara pode não estudar NADA e ainda assim tirar 10, e pode estudar tudo e tirar 5. É meio a meio, 50% a 50%. Pode ser recheada de pega-ratões, em que um simples "apenas" ou "somente" ou "conforme" pode te render uma errada. 0% de complexidade e pode ser feita com uma moeda e vontade. Correção simplíssima e possibilidades infinitas de cola. Deviam extirpar este câncer de nossas instituições de ensino.

7) Prova dissertativa (prova "idéia) - Esta prova apresenta uma carga intelectual muito grande, tanto ao professor como ao aluno. Ao contrário da maioria, esta prova não apresenta questões, e sim, frases imperativas do tipo "descreva", "opine", "comente" ou simplesmente "disserte". Possibilita testar a capacidade do aluno de organizar suas idéias, permite a ele expressar seu conhecimento e exige uma correção penosa, pendente de falhas e recursos, mas extremamente subjetiva e justa. O aluno tem a oportunidade de mostrar o que sabe, e o professor terá uma nítida foto de como anda sua didática e o empenho pessoal do aluno. É uma prova demorada, estressante, mas apresenta um critério de avaliação muito aprimorado. Suas estaísticas são uma "foto" das aulas e do empenho escolar, tanto do mestre como do aluno. Rara.

Era isso pessoal, quisera eu ter mais provas do tipo 3, 5 ou 7. Mas isso está cada dia mais raro. Parece que decresceu o interesse por realmente avaliar o aluno. Sinceramente, é triste. Talvez no próximo post escreva minha opinião sobre "didática".

3 comentários:

Caio Verídico disse...

Aahh, mas por que não se pode comentar? :P

NightCrawler disse...

Porque eu não deixo :P

RoGeR disse...

mas já existem 3 comentários o.O