Pessoas, Animais, Instinto e Destruição em Massa
Esse mini-post é derivado diretamente de conversas que tenho tido com diversas pessoas, mas me inspirei mesmo para escrevê-lo após ler uma matéria de uma das poucas revistas que ainda valem a pena, a Super Interessante. O nome da matéria era "O ABraço do Amigo Urso". Também de um texto que escrevi a vários anos quando ainda morava em Santa Maria e que desencavei de um disquete estragado a poucos dias.
Bichos. Com isso eu quero dizer qualquer animal que não seja humano. Sim, humanos tem uma diferença básica, somos capazes de controlar nosso comportamento através de mecanismos que alongaram a ponte entre nossas necessidades básicas e nosso "animus", o que nos move, nos põe em ação. Essa evolução extraordinária nos permite viver em sociedade, e nos permite reprimir instintos básicos até certo ponto. A territorialidade, a fome, a sede, o instinto de sobrevivência em geral, se amoldam à nossa vontade. Isso é muito mais do que podemos dizer de qualquer animal vivo na face da terra. Somos diferentes SIM, e muito diferentes.
Então, um maluco se apaixona por ursos. Ele acha os ursos cinzentos lindos, melhores que os humanos. Ele resolve ir morar com eles, leva uma câmera de vídeo, a cara e a coragem e vai para o meio dessas criaturas, enormes, cujos filhotes em pouco tempo pesam mais que um humano adulto. Dotados de instintos que não evoluíram como os nossos. Um belo dia, esse ser humano maluco resolve se aproximar ainda mais. Dia 2 de junho estréia no Brasil o documentário que conta com partes das 100 horas de gravação desse cara, chamado Thimoty Treadwell, mas não conta com a fita final, que gravou os gritos desse maluco e sua namorada sendo devorados provavelmente pelo "senhor Chocolate", o urso amigo. O responsável pela edição e direção afirma, sobre o olhar do urso: "Não vejo nem amizade, nem compreensão, nem piedade. Só a opressiva indiferença da natureza". Assim outros casos, na mesma matéria. A maluca que achou tão lindos os filhotes de hipopótamo e foi nadar com eles, parando na UTI com dentadas da mãe. O cara que resolveu nadar com uma orca num parque aquático e ela "brincou" com ele até o afogar. O tailandês que resolveu brincar de "oferece e tira" com um elefante, foi rasgado pelas presas do animal. Os loucos que resolveram colocar flores no pescoço de um tigre, um foi morto e o outro quase.
Moral da história. Animais não são humanos, e nunca serão. Eles possuem instintos básicos, que embora em animais essencialmente domésticos podem ficar latentes, evoluindo por anos de convivência conosco, estão ali, dormentes, esperando para acordar. Até o poodle mais lindo, fofo e macio vai morder se sentir-se acudido, machucado ou ameaçado. Até a cadela mais dócil vai atacar quem ameaçar sua prole ou tentar roubar sua comida. Existem exceções, mas a regra ainda está ali. Não adianta humanizar os bichos, eles essencialmente ainda são bichos, e é quase uma violência pensar o contrário, seria banalizar nossa condição humana e banalizar a evolução pela qual esses animais passaram. A bela e cruel mãe natureza ensinou-nos a todos a sobreviver. A diferença é que ela não deu aos bichos uma consciência, uma moral. Se seu pastor alemão matar seu poodle a mordidas, não o culpe, não bata nele. Ele reagiu ao seu instinto de dominação natural, e só não faz o mesmo com você por achar que você é maior e o alimenta. Deixe de fazê-lo, mostre-se fraco, e ele tentará dominar você.
Por outro lado, nós humanos. Desenvolvidos ao ponto de termos relações sociais tão complexas que são impossíveis de descrever, classificar. Somos completos, cheios de idéias e pensamentos, moral, cívica. Integrados ao ambiente, modificando-o, por vezes o destruindo. Mas sobrevivendo.
Humanos estão (e agora entro no conteúdo do texto antigo que desencavei), fadados a destruição. E pior ainda, fadados a SE destruir. Este planeta não mais nos comporta, chegamos a um ponto de onde não há volta, somos a praga deste planeta, e logo, logo os instintos implantados pela mãe natureza, de dominação e sobrevivência do mais forte vão falar mais alto. A única diferença é que evoluímos tanto que achamos novas, mais eficientes e poderosas maneiras de nos destruir. Basta o primeiro cara apertar o botão, o segundo seguí-lo, e estamos extintos.
Quem sabe isso foi tudo planejado e somos a enésima geração "humana" no planeta. Quem sabe quando nos formos a natureza tomará conta novamente de nosso planeta e o equilíbrio seja restaurado. Quem sabe não estamos queimando nossos antepassados na massa orgânica petrolífera inclassificável a qual estamos fadados a retornar.
Uma coisa é certa. A natureza é sábia, e o mais sábio dos humanos, ou mesmo o conhecimento interligado de toda a humanidade não é capaz de competir com ela.
Um comentário:
Muito interessante. Sempre achei esse negócio de procurar sentimentos de "amizade" em animais selvagens uma baita coisa de filme de sessão da tarde.
Agora, quando eu li a parte do ser humano destruir a natureza me lembrei da Lica, na rádio Shamballa, proferindo as seguintes palavras: "Lembre-se: o ser humano não é dono da natureza, e sim, um hóspede. Se escolhéssemos uma espécie da Terra para eliminar totalmente, a única que beneficiaria o planeta com sua ausência seria a espécie humana."
É algo assim, mas muito bacana.
Pô, curti à beça esse post ae, parabéns.
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