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5 de out. de 2012

Luna

Alguns meses atrás, conversando com minha noiva, resolvemos ter um cachorro. Uma idéia que aumentou e nos fez conversar bastante sobre isso, durante algum tempo. Eu tinha em mente desde muito tempo que, se tivesse um cachorro, teria que ter algumas características.

Eu já tinha uma raça em mente. Sempre gostei de schnauzers. Claro que muito é estética, mas depois que pesquisei melhor sobre a raça descobri que ela é muito adaptável, carinhosa e leal, características que eu queria no meu cachorro.

Teríamos vários desafios pela frente. Moramos em apartamento, portanto o cachorro passará um bom tempo trancado em casa. Não pode incomodar os vizinhos com latidos, nem cheiro desagradável. Deve se comportar quando sairmos e manter distância dos vários equipamentos eletrônicos que possuo pela sala.

Espalhamos então que queríamos um schnauzer, não dissemos com precisão a idade ou sexo, mas eu sabia que quanto mais novo o filhote, maior a chance dele se moldar a nossa rotina. Depois descobrimos que fêmeas são mais asseadas e comportadas, devido não sentirem tanta necessidade de marcar território e brigar por parceiros.

Um belo dia, fomos chamados na clínica veterinária e pet shop. Tinham uma fêmea schnauzer de 2 meses. Fomos lá, durante todo o caminho comentando que só iríamos ver, e analisar, e deixar a decisão para outra data, com menos empolgação. Eu saí de lá com o cachorrinho no colo. É triste, irracional e lindo. Nesse dia a Luna entrou nas nossas vidas, mudou nossa rotina, nossos planos e melhorou em geral nossa existência.



Os primeiros meses de treinamento sanitário não foram fáceis. Jornal espalhado pela casa toda, cheiro de xixi e cocô, surpresas e pisões inesperados em poças. Esperamos até os 4 meses para sair com ela passear, sob conselho de nosso veterinário, para que ela tivesse a maior imunidade possível. Nunca vou esquecer da primeira noite, em que não dormi, xinguei, acordei os vizinhos com gritaria com o pobre, assustado e sozinho filhote. Queria começar certo, deixar o bichinho na área de serviço. Pobre coitado, levado de um lugar para outro para ficar sozinho no frio. Sou meio metódico com as refeições, 3 vezes por dia, sempre nos mesmos horários: 7:30, 12:30 e 19:30, como recomendava a embalagem. Para mim, acordar cedo é um sacrifício. Mas o fazia. Limpar os xixis e cocôs pela casa nos primeiros meses assim que acordava também não foi fácil. Em pouco tempo notamos que o melhor ainda era deixar ela dormir no nosso quarto (na cama dela, claro).

O bichinho sente tanto, suas emoções vem traduzidas na cauda, nas orelhas, e não na face. Isso aliado ao pelo dela, que cresceu sem restrições até os 4 meses e meio, quando fizemos a primeira tosa, para ajudar ela a não superaquecer durante os passeios. Reparem a tristeza dela quando busquei ela do segundo banho (primeiro em nosso pet shop de escolha):
 

Reparem também no tamanho. Eles crescem tão rápido. Quando finalmente o treinamento sanitário começou a ser mais light, tínhamos incidentes de outros tipos. Jornais espalhados e rasgados pela sala, revistas, sacolas plásticas. Brinquedos mordidos até soltar pedaços, roupas espalhadas e produtos adquiridos pela noiva mordidos. Acidentes sanitários são inexistentes desde os 5 meses e pouco dela, mas não descartamos até os 7 meses uma reincidência por vários motivos. Ela tem se resguardado de morder outras coisas, mas terra e papel (terra nos potes de flor, as próprias flores, os potes, papel higiênico, livros e revistas) ainda atraem ela. A fruteira teve que ser erguida, assim como as plantas.


Aqui a Luna já está grande (e de banho tomado). Passeio com ela sempre que posso, e ela obviamente me "ganha na corrida". Graças aos nossos passeios diminui meu peso e melhorei minha disposição. Hoje ela dorme conosco até acordarmos. Não importa se acordamos as 8 ou ao meio-dia nos finais de semana. Parceria para dormir (agora mesmo, depois de nossa meia hora de caminhada/corrida, tá desmaiada do meu lado). Ela sobe na cama (quem manda achar bonitinho quando são pequenos) mas não deixamos ela lá (ela tem a própria cama), mas as vezes a gente acorda e ela pulou sem ninguém perceber.

Temos muito a aprender com os cachorros. Eles vivemo o momento, não ressentem ou guardam rancor. Eles experimentam todas as sensações ao máximo, tristeza, ansiedade, medo, felicidade, carinho e saudade. Eles são como pequenas crianças, para sempre. Um dia também fomos assim, felizes, completamente felizes, ou tristes, completamente, por uma bobagem que hoje nos parece insignificante. Esses momentos felizes devem ser vividos intensamente, sob pena de acabarmos com poucos deles. Essa é a lição mais incrivel de um cachorro.



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