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2 de jun. de 2015

Meus vícios

Desde muito jovem sempre tive uma teoria sobre a personalidade adictiva. Recentemente alguns estudos comprovaram partes do que eu imaginava, mas ainda são muito restritivos quanto aos tipos de vício. Falam muito sobre substâncias, ignorando que pessoas podem viciar-se em qualquer coisa. Desde uso do computador até frequentar uma religião.


 Diretrizes da OMS para diagnóstico de Dependência
1 - Forte desejo ou compulsão para usar a substância.
2 - Dificuldade em controlar o consumo da substância, em termos de início, término e quantidade.
3 - Presença da síndrome de abstinência ou uso da substância para evitar o aparecimento da mesma.
4 - Presença de tolerância, evidenciada pela necessidade de aumentar a quantidade para obter o mesmo efeito anterior.
5 - Abandono progressivo de outros interesses ou prazeres em prol do uso da substância.
6 - Persistência no uso, apesar das diversas conseqüências danosas.
Note o desespero por uma "Substância" que não precisa existir. Nosso cérebro nos recompensa por comportamentos tanto quanto pela ingestão de substâncias. As pessoas viciam-se o tempo todo, e nem sempre são diagnosticadas pois a comunidade em geral não condena alguns tipos de vícios.

Mas vamos sair do social e ir para o particular. Eu tinha dois vícios que me deixavam triste. Um deles era o sedentarismo. Eu gosto de ficar parado, sentado,  escrevendo, lendo, olhando séries, filmes, animes. Eu não gosto de sair de casa quando em casa não falta entretenimento. O meu outro vício é feio, sujo, difícil de largar e praticamente subconsciente, quando você percebe, já era. Eu roía as unhas. Mas não "roer" apenas. Por vezes meus dedos sangravam, as cutículas queratinadas pela separação da unha destruídas "espetavam" e tornavam até o toque "áspero".

Hoje posso dizer que me livrei de ambos os vícios. Me comprometi com um programa de corrida, e mesmo no inverno estou mantendo ele. Tem sido uma libertação. Vai-se a preocupação com o peso (as minhas "fasted runs" causam um "déficit calórico" que tem mantido e até diminuído meu peso. Vão-se as dores das costas, o cansaço crônico. É preciso muita disciplina para sair correr em uma manhã de 9 graus, com vento gelado no rosto, ou em uma tarde de 34 graus no asfalto quente. É preciso reservar uma hora para essa atividade, e mantê-la pois alguns dias sem corrida e você já nota que não é a mesma coisa.

Não roer as unhas foi mais difícil. Ainda estou no processo de parar completamente. Apesar de não encostar nas unhas mais, as cutículas incomodam, principalmente nos polegares. Mas a prova dos resultados está no fato de ter cortado as unhas com cortador por duas vezes já. A última vez que fiz isso nas unhas das mãos deve ter sido muitos anos atrás, nem lembrava. É muito feio roer unhas, insalubre e esteticamente horrível. Meus dedos sem unhas, por vezes machucados, sempre me envergonhavam. Agora não mais.

O último vício chega perto do vício em "substâncias" que comentei. São os descongestionantes vaso-constritores baseados em nafazolina (Sorinan, Sorine, Arturgyl, Neosoro). Eu tenho desvio de septo, e essas substâncias são um alívio imediato. No entanto, uma vez que você usa ela, o efeito começa a ficar menor a cada dose, exigindo intervalos menores entre as doses. Além disso, uma vez que você usa isso, o problema fica exacerbado, e não tem como ficar sem. A sensação de não respirar, a boca seca, roncos. E lá vai o cara correr para a farmácia as 11 da noite para comprar o "bagulho". Infelizmente esse vício só largarei quando me submeter a cirurgia. Esse vício só me acomete no inverno, e só quando alguma alergia se manifesta. É tolerável, mas perigoso. Estudos ligaram a nafazolina a risco cardíaco, e com meu histórico familiar, não é bom arriscar.

Acho interessante esse tipo de auto-avaliação. Por vezes sabemos que temos um problema, mas não nos empenhamos em corrigir ele. Sabemos que fazemos algo errado que está nos prejudicando, mas mudar é complicado, exige esforço.

E você, tem algum vício? Como pretende livrar-se dele?

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