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5 de out. de 2011

Decisões, centrismo, extremismo e a "grande pintura"

Toda decisão que tomamos afeta as pessoas ao redor. Mesmo que seja insignificante. Estamos todos conectados, ligados por uma rede de dependência mútua complexa e muitas vezes invisível.

Quando decidimos algo, temos que pensar no resto do mundo, claro que se formos analisar individualmente todas as nossas decisões, antes de dar um passo teríamos 10 minutos de meditação, mas como isso não é possível, podemos facilmente generalizar o "resto do mundo" como quem está imediatamente ao nosso redor.

Esta reflexão antes de agir me acompanha nos últimos anos, e muita indignação vem do fato de notar que a maioria absoluta das pessoas não faz isso. Como podem viver, tomar decisões e empurrar as consequẽncias para o resto do mundo sem levar em conta a empatia natural do ser humano?

Um exemplo disso é o trânsito. Atravancar a via para falar com um amigo, atravessar a preferencial vendo um motorista na preferência se aproximando, cortar a frente, frear ou acelerar bruscamente o veículo, sem se importar com seu caroneiro, com os motoristas e passageiros dos outros veículos.

Outro exemplo são nossas atitudes no trabalho. Como podemos viver sem a empatia com a condição humana? Isso reflete em nosso desempenho pessoal, ainda mais se nosso trabalho envolve contato direto com o público em geral.

Notamos isso também na família. Como podemos tomar uma decisão sem perceber se isso afetará negativamente nossos familiares e amigos?

Um dos grandes problemas da humanidade hoje é o centrismo. Ele gera as religiões (centrado em algo superior a nós, mas somos sua imagem e semelhança, reencarnação, espiritismo), gera as guerras (centradas em um país, em uma região), gera os acidentes (centrados na pressa pessoal, em detrimento da segurança geral), gera as brigas (quando não podemos dar o braço a torcer, mesmo que não nos custe nada).

Temos que nos concentrar na "grande pintura". O quadro geral envolvendo nossas ações e suas consequências e reflexos no resto do mundo. A vida melhora quando decidimos nos dedicar mais ao todo que ao individual.

Para que isso ocorra, é necessário entender a beleza do "cinza", nas palavras da banda Live. É entender que o extremismo sem razão, o fundamentalismo e os dogmas devem ser derrubados em favor da tolerância, da mente aberta, ainda que acreditemos numa verdade, ou ao menos da busca pela verdade, que no meu caso envolve a ciência, o conhecimento e a busca constante, sem medo de errar, mas sem ceder ao pseudoconhecimento e mentiras.

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