Comportamento, ciência, tecnologia, direito, política, religião, cinema e televisão, alguma controvérsia, algum bom senso, e um pouquinho de besteira, para dar um gostinho...

20 de mar. de 2007

Descartável

Estava analisando ultimamente como tudo se tornou descartável.

Tudo hoje em dia é descartável, a gente usa por um tempo, depois enjoa e joga fora. É como se os gostos mudassem de tal forma que nada mais perdura na mente das pessoas. É como se a cultura em si fosse feita para durar pouco. Não existem mais valores, pensamentos ou filosofias que durem, que fiquem, que continuem sustentadas e vivas. Parece que as pessoas perderam o sentido de viver e agora ficam o tempo todo procurando, sem nunca achar, e tentando novamente, seguindo a maré.

Eu já falei uma vez sobre opiniões, e sobre como ter opiniões fortes, sustentadas por argumentos, pode dar sentido à vida e completar a existência de alguém. Mas parece que o mundo não concorda comigo, ou ao menos o Brasil não... Seguimos a tendência do momento, apenas até encontrar a próxima. É um modismo tal que, se eu fosse um pouco mais fútil, me sentiria "por fora". Parece que ninguém mais sustenta uma opinião, todos são levados pelo consenso da massa, se juntando nessa maré suja de novidades fúteis e sem sentido.

O melhor exemplo disso é o tal do Big Brother Brasil. Esse programa é simplesmente uma das coisas mais inúteis que existe no mundo, e no entanto é um dos programas de maior audiência da TV brasileira. Entretenimento burro, é isso que vemos todos os dias, pregando modismos e frases feitas, sem a mínima polpa, sem conteúdo, vazios e sem sentido. E no entanto se infiltrando em todos os ramos, em todas as classes. Zorra Total, BBB, todas pequenas formas de controle, capazes de formar opiniões e dirigir a massa faminta por novidades, por ter o que conversar. Eles decoram nomes, geram polêmica. É a política do pão e circo funcionando. Enquanto o Lula alimenta os miseráveis, a mídia enfraquece as mentes com hiperdoses de entretenimento fútil, descartável e diria até "enburrecedor".

Música é descartável, é só olhar o Carnaval. Você ainda lembra da "Macarena", lembra daquele palhaço, o "Tiririca"? Alguém lembra do que tocava ano passado? Claro que não. Literatura é descartável, alguém ainda comenta o "Código DaVinci"? Nosso mundo foi invadido por cultura temporária esporádica sem bases para durar mais do que alguns meses.

Foi-se a época do "Astronauta de Mármore", de "Sad But True", foi-se o tempo de conversar sobre filosofia, política, ética. Foi-se o tempo de sentar num bar, beber e compartilhar opiniões inflamadas pelo porre. Não se acampa, não se aventura, tudo é uma pequena mentira dentro de outra, e nada dura. Não se constrói mais lembranças como fazíamos antes. Trocam amigos, trocam cidades, e nada fica.

Eu lembro, guardei com carinho lembranças das mais diversas, e mesmo que eu esqueça, alguém que estava lá acaba me lembrando. Acho que ainda não troquei meus amigos. Quem sabe estou ficando saudosista conforme fico mais velho, e as coisas do passado começam a ter mais valor. Talvez seja por isso que nossa memória se deteriora com o tempo. É para cobrar o preço por estarmos sempre tão ligados ao presente, e não nos importarmos com o que a vida nos presenteou algum tempo atrás.

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