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22 de mar. de 2007

Serviços especiais

Eu sou um comodista, confesso.

Atualmente estamos na época do consumismo. Basicamente, tudo que pode-se querer está à venda (por favor, me refiro a bens materiais, não me venham com o blablablá de que dinheiro não traz felicidade). Sendo assim, somos um alvo. Uma espécie de meta para todos os empresários, empreendedores e em geral qualquer pessoa que venda algo.

Sendo alvos, temos que ser atraídos, e aí entra a concorrência. Essa competição pelo nosso dinheiro melhora os serviços, moderniza as instalações, ajuda quem trabalha duro e bem e pune impiedosamente quem não dá atenção para o fato de que nós, os clientes, os consumidores, somos a verdadeira missão deles.

Vou citar alguns exemplos, retirados da minha opinião pessoal. Eu até poderia citar os nomes das empresas, restaurantes, lancherias, mas não creio que seja uma boa idéia, visto a quantidade de litígios resultantes de coisa muito menor.

Resolvi ir jantar, acompanhado, em um restaurante aqui de Santo Ângelo. Depois de uma breve olhada no cardápio pedimos uma pizza, meia calabresa, meia bacon, e esperamos. Mas esperamos MESMO, demorou quase uma HORA para vir a tal da pizza. Eu, como conhecedor do bacon que sou, quando o garçom estava a mais de 3 metros já pensei "mas essa pizza, ou tem bacon estragado, ou não é bacon". Suspeitas confirmadas assim que a dita cuja aterrisou na mesa, nem deixei o garçom ir embora, transcrição fiel do diálogo que se seguiu:

Eu: "Cara, essa não foi a pizza que eu pedi, eu pedi bacon".
Garçom: "Senhor, essa pizza é de bacon".
Eu: "Não, essa pizza é de BRÓCOLIS".
Garçom: "Senhor, a pizza tem brócolis por cima, mas é de bacon".
Eu: "Cara, se a pizza tivesse brócolis, eu não teria pedido, no cardápio constam os ingredientes, e eu não vi brócolis na pizza de bacon".

Ele então pega a espátula, triunfante, e espreme uma das coisas verdes na pizza, para provar que era bacon. Quando aquela coisa verde pastosa foi esmagada e ele percebeu a furada, a conversa mudou de sentido:

Garçom: "Senhor, desculpe, deve ter havido algum engano, eu vou verificar".

Exatamente 10 MINUTOS depois, ele voltou, pedindo desculpas, dizendo que havia ocorrido um engano na cozinha, e trazendo a pizza verdadeira. Em 10 MINUTOS, quero dizer, qual foi o motivo de eu ter esperado quase uma hora antes, se em 10 minutos eles fizeram a minha pizza quando se deram conta da cagada feita?

De qualquer modo, tinha tomado tanta coca-cola que nem com fome mais estava, comi aquela pizza (que aliás nem era boa) e fomos embora.

Outra ocasião, restaurante diferente. Chegamos por volta das 23h, convenci meu amigo a pedir um prato diferente, mas muito bom, que eu havia provado anteriormente. O restaurante estava meio cheio, então já esperava que demorasse pelo menos uma meia hora, tranquilo. Quando passou de uma hora, chamamos o garçom, pedindo o motivo da demora:

Garçom: "Ah, mas esse prato demora mesmo".
Eu: "Cara, já pedi esse prato, e não demorou tanto assim, e o restaurante estava igualmente cheio".
Garçom: "Vou verificar senhor".

15 minutos depois, chamamos ele novamente, ele vem explicando que houve um engano na fila de pedidos da cozinha, que em 10 minutos estaria pronto. Engano na fila?! Por favor, todos que haviam chegado depois de nós estavam comendo, e a gente ali, plantado. Novamente, não aguentava mais refrigerante. Quando cravou 10 minutos do prazo dele no relógio, levantamos, pedimos para ele riscar da ficha nosso pedido, e fomos embora. O cara ainda teve a coragem de, na fila para pagar, nos chamar dizendo que tinha ficado pronto. Quase uma hora e meia. Convenhamos.

Agora, eu volta e meia ligo para tele-entregas, não toda noite, mas pelo menos duas vezes por semana. Sempre ligava para o mesmo lugar, até que um dia, o entregador começou a me pedir que descesse para pegar o pedido. Tudo bem, não sou tão preguiçoso assim. Pagava e pronto. Até que um dia ele disse que havia aumentado o preço, 1 real a mais... OK, as coisas podem aumentar, eventualmente. Quando liguei novamente, resolvi perguntar QUANTO custaria. 3 reais a menos do que o entregador me cobrava. Que sacanagem. Nem falei do cara, simplesmente cancelei o pedido. Quer dizer, a cada entrega, o entregador puxava 2 reais a mais, e ele ainda ficou ganancioso, começou a cobrar 3 a mais. Empresários, escolham bem seus prepostos.

Bom, mas nem tudo é tão ruim. Liguei para um restaurante, pedi um item do cardápio de tele-entrega. Meia hora depois, o entregador subiu, entregou a comida em perfeito estado, e perguntou se eu queria pagar em dinheiro ou cartão. Tirei o cartão, ele pegou uma máquina Visa Electron sem fio, por celular, passou, digitei a senha, saiu o comprovante, e fiquei com dinheiro na carteira. Que eficiência, sem igual, esses sem dúvida ficam no topo da minha lista.

Outro dia, liguei para uma lancheria, pedindo o mesmo lanche que aquele entregador safado entregava. O atendimento me surpreendeu:

Atendente: "Tele entrega XXX, o que deseja".
Eu: "Quero o lanche tal, mais uma coca 600ml".
Atendente: "Seu endereço senhor".
Eu: "Tal rua, tal número, tal AP".
Atendente: "Em frente a tal lugar?".
Eu: "Sim."
Atendente: "São tantos reais senhor, e seu lanche chega no intervalo de meia hora a 40 minutos, mais alguma coisa?".
Eu: "Não, obrigado".
Atendente: "Eu que agradeço, tenha uma boa noite e bom apetite".

A ligação durou em torno de 30 segundos. Poderia ter ligado do celular sem gastar quase nada. Eficiência nota dez, ótimo preço, entregaram rápido, troco, tudo perfeito. A comida aliás era ótima também.

Um dia desses vou lançar um serviço de tele-conserto de computadores. Por telefone ou atendimento a domicílio. Vai que dá certo!

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