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15 de mar. de 2015

Coxinhas e Petralhas

Tenho pavor de generalizações. O mundo é mais complexo que duas opiniões divergentes, e quase todas as pessoas possuem dúvidas dentro de suas argumentações que seus contrários preenchem muito bem. Enquanto isso, me parece que a generalização é o ataque favorito nas redes sociais hoje em dia.

No dia 13, movimentos sociais saíram as ruas para apoiar o governo. No dia 15, multidões fizeram o mesmo para protestar contra o governo. E nesses dois grupos temos semelhantes. Gente que se polarizou por pressão ou necessidade, mas que dentro de si tem dúvidas sobre sua posição. Enquanto isso, os radicais fornecem rótulos e gozações para definir os grupos, de ambos os lados.

Eu sou um exemplo de que essa regra tem várias exceções. Vejo pessoas que eu sei serem polarizadas pela "esquerda" levantarem os horrores da ditadura como uma arma contra a mudança de governo. Acontece que eu sou a favor da mudança do governo, e contra a ditadura. Levantam o impeachment como um dos pontos das manifestações, mas eu sou avidamente contra o impeachment. Acho que seria um terrível erro, condenando a democracia como uma falha estatística, em que a opinião da maioria não vale, quando a maioria toma a decisão errada. Mas sou a favor de protestar, avisar ao governo que não toleramos corrupção e queremos mudanças, uma reforma política séria. Sou a favor da Petrobras, mas contra os que a roubaram descaradamente, e agora presidem as CPIs que investigam seus próprios crimes. Sou contra a intervenção política no judiciário, nos rendendo julgamentos fajutos ou midiáticos. Sou contra a impunidade, que soltou ladrões do povo, condenados, que agora desfrutam os frutos de sua iniquidade no conforto de suas casas.

Enquanto isso, idiotas assam coxinhas na praça, e abestados gritam "petralhas" a plenos pulmões na rua e nas redes sociais.

Fora todos os motivos citados anteriormente, ainda tem a mentira. A desonestidade é uma apunhalada do governo, não só em seus opositores, mas em seus próprios eleitores. Motivo pelo qual a aprovação da presidente caiu tanto, seus próprios partidários estão contra ela. Isso é diretamente ligado a promessas não cumpridas. Foram tantas mentiras, e foram tão rápido pegas (3 meses) que levou a quebra de confiança. E confiança é difícil de resgatar.

Com essa quebra de confiança aliada a falência das instituições políticas, as pessoas menos avisadas recorrem ao "quadro branco" como forma de tentar consertar tudo isso. Intervenção militar para acabar com essa podridão. Confesso que é uma ideia tentadora, mas um erro que custaria nossa soberania, podendo se provar pior que a crise política que nos assola. A pior democracia ainda se sobrepões a melhor ditadura.

E aí chegamos a outro ponto. Ditaduras. Nossa democracia foi conquistada a ferro e sangue, e seria um retrocesso abrir mão dela, mas o populismo está se provando um sistema falho e polarizado de governo. Suas idéias alinham-se (assim como o PT) ao socialismo e a ditadura do proletariado. Só há um problema: o proletariado é contra o empresário burguês que cria os empregos que o proletariado precisa. As estreitas relações entre a ditadura cubana, a venezuelana e o Brasil me assusta. Os movimentos sociais empunhando facões que nunca cortaram seu sustento me assusta. O fato dos caminhoneiros tomarem bala de borracha e bomba de efeito moral, mas os movimentos sociais com suas invasões não serem tratados da mesma forma me assusta. A palavra "exército" me assusta quando dita por políticos de grande influência sobre organizações que não são parte do defensor da soberania nacional, o Exército Brasileiro.

Acima de tudo, me assustam os polarizados, os fanáticos e os que, mesmo com todas as suas dúvidas, assumem uma posição para não ficar desprovidos de um grupo apoiador.

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