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19 de set. de 2005

A estrutura social dos explorados

Fomos criados como uma forma viva de domínio e permanência da ordem social estabelecida por quem possui o poder. Alimentados com a falsa ilusão de que somos nós que "governamos", nós fechamos esse círculo criando nossos filhos para se encaixarem nesse sistema e vivendo nossas vidas sem olhar para a "grande pintura", nos concentrando apenas em nós e nosso reduzido círculo de atuação e fechando os olhos para o sistema no qual somos apenas uma engrenagem bem ajustada nas mãos de que domina.

Nós somos, desde cedo, ensinados a escolher uma profissão, de acordo com nossas aptidões, ou de acordo com as possibilidades financeiras e sociais em que fomos criados. Isso garante que dificilmente uma "quebra" das camadas sociais ocorra, e caso ocorra, garante que isso não seja levado adiante. Um sistema capitalista selvagem separa quem trabalha de quem explora o trabalho. As aparências são mais importantes do que a atuação e somos levados a crer que nossa vida é boa enquanto na verdade somos instrumentos nas mãos de quem está no topo. A camada intermediária é que promove o equilíbrio desse sistema.

Vamos fazer uma comparação idiota. No sistema de ações, os grandes investidores são chamados tubarões, e os pequenos aventureiros das bolsas de valores são os sardinhas. Isso é a parte "visível" do sistema, que diz existirem essas duas grandes divisões, enquanto na verdade existe outra. Em breve pesquisa notei que na verdade existem mais duas divisões: Os baleias e os plâncton. Baleias, imensas, lerdas, os maiores animais, sustentados em meio ao oceano. O plâncton, criaturas minúsculas, quase insignificantes, que existem em incontáveis quantidades, quase homogêneas e imperceptíveis em meio ao ambiente. No entanto, do que se alimentam os maiores animais do planeta? De alguns dos menores seres do mesmo. Perceba aqui um sistema diferente, escondido, no qual os grandes, realmente grandes, sobrevivem as custas dos pequenos, insignificantes, imperceptíveis.

A nossa estrutura social não é muito diferente, os grandes, poderosos, estão lá, sentados, se movendo lentamente e mantendo sua posição, e os miseráveis, em condições de sobrevivência, trabalhando com rapidez para alimentar os grandões. Enquanto isso, eu e você (sim, pois se você está lendo isso, tem Internet, o que significa que você é provavelmente parte da camada intermediária) somos a balança que evita que esse sistema caia. Essa camada intermediária é responsável pela manutenção do sistema, a classe média, promovendo constantes trocas, nas quais de tempos em tempos um ser se desloca para cima, enquanto milhares se deslocam para baixo, equilibrando o que chamo de "Balança Social". Mas essas transições são invisíveis, pois quem desce, tem possibilidades IMENSAS de nunca mais subir, e se o fizer, permanecer na camada do meio, e quem sobre, é, esses DIFICILMENTE descem, que motivo eles teriam para fazer isso? E se o fizerem, voalá, camada intermediária. Só que esse jogo é invisível, você pode ter colocado na sua mente agora a imagem de que o "poderoso" que eu falo é, por exemplo, o Presidente, ERRADO! E que o miserável é o favelado, DUPLAMENTE ERRADO. O poderoso não existe em nosso mundo, ele está lá, quieto, se alimentando e crescendo, são os caras que dominam os grandes acordos internacionais, maiores que países e nações, maiores que tudo, são os que detêm o poder econômico verdadeiro, capazes de provocar guerras e desviar condutas de líderes mundiais apenas para satisfazer um interesse. E os pequeninos? Eles estão nas fábricas de Taiwan e China, trabalhando 16 horas por dia para fabricar nossos artigos de 1,99.

Enquanto isso, nós mantemos o jogo, nessa camada do meio, votando em líderes que serão dominados pela força econômica invisível e nos satisfazendo em não estarmos ainda mais abaixo, com o plâncton. Sabe de uma coisa, não é tão ruim, a verdade pode assustar, ainda mais se pensarmos demais nela. Somos cativos felizes vivendo nossas limitadas vidas e mantendo isso tudo... Funcionando.

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