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19 de set. de 2005

A moralidade brasileira

"Todos somos seres pensantes, mas os poucos que pensam sobre isso, eles chama de filósofos..."NightCrawler
Em meus textos eu já toque a "ponta" do assunto político em "A Estrutura Social dos Explorados", mas foi muito amplo e ao mesmo tempo superficial em relação à amplitude do assunto. Hoje vou falar sobre algo que está presente em nossa sociedade desde o início dos tempos, mas se apresenta de forma realmente vulgar e repugnante no Brasil. Vamos nos aprofundar um pouco no estudo da Moralidade. Esse conceito lindo do que é certo ou errado nos atos e fatos sociais, liderando lutas contra a imoralidade. Veremos que isso tudo é muito bonito, mas impraticável, vamos falar sobre hipocrisia e sobre soluções alternativas para problemas antigos, tratados desde sempre como tabus e que na verdade são bem mais simples que a compreensão de legisladores e moralistas (que assim se chamam mas não agem).

Vamos começar com uma visão crítica e superficial do "velho mundo". O continente europeu é berço da civilização moderna ocidental e foi palco dos maiores e mais importantes fatos na nossa história, somos até hoje afetados pela política, costumes e conceitos europeus. A pergunta que resta é se somos suficientemente "desenvolvidos" para lidar com as heranças e culturas e resolver problemas baseando-se nas experiências européias, ao invés de sugar seus vícios e consumos. Eu nunca estive na Europa, mas sempre fui extremamente curioso no que diz respeito a cultura e geografia européia, conversei com várias pessoas que estiveram lá, além de "viajar" virtualmente em seus sites mais famosos. Antes de começar a análise da qual farei o desenvolvimento de meu comentário, vale lembrar que o Brasil foi colônia portuguesa, e Portugal é Europa, sendo assim, temos raízes européias de nascença (apesar que na verdade eram enviados para cá gente que 1. Tinha dinheiro e má-fama 2. Ladrões 3. Trapaceiros) e pequenos ramos espalhados por toda a Europa, principalmente depois da II Guerra Mundial, com as imigrações.

Vamos tomar como exemplo a Holanda. Um país desenvolvido, altos padrões de vida, uma política relativamente estável e uma população relativamente pequena comparada à nossa gigante pátria-mãe, possui seus defeitos, como não poderia deixar de ser, mas que país é perfeito? (apesar que alguns acham que são, né Tio Sam). Voltando a Holanda, vamos ao que interessa, as drogas são legalizadas, e se você quiser se chapar com conforto, existem salões destinados ao consumo de ópio (do qual deriva a heroína). Se quiser comprar um pouco de diversão, tudo bem, a prostituição também é legal, e algumas ruas possuem vitrines vivas de sexo ao seu dispor. Isso vai contra muitos princípios, com certeza, religião, moral, costumes, blablabla. Sejamos OBJETIVOS, lá não existe narcotráfico, cafetões espancadores e violência em favelas, não correm riscos com balas perdidas nem assaltos constantes, não são vítimas da violência constante da guerra entre policiais e bandidos, e garanto que a contagem de baixas é relativamente pequena.

Agora vamos ao Brasil, nosso exemplo de moral. Temos leis rígidas contra prostituição, porte e consumo de entorpecentes, roubo, furto, sequestro, na verdade quase tudo é previsto em nosso extenso e ineficiente ordenamento jurídico, mas quase nada é cumprido. O narcotráfico é uma potência, sustentada pela mesma sociedade que paga os impostos que mantêm nossa despreparada polícia nessa guerra desleal contra um rico, bem preparado e cruel comando em favor dos traficantes, as vítimas do fogo cruzado são contadas aos milhares, fora a violência gerada pelo consumo abusivo de drogas de forma oculta por jovens e adultos. Nossa sociedade tolera que milhares de crianças e adolescentes fiquem nas ruas cheirando cola e assaltando, tolera roubos de milhões dos cofres públicos, mas mantêm na cadeia o preto velho e novo que estava no lugar errado, na hora errada. Soltamos suspeitos por impossibilidade de leitura clara de uma nota vinda de uma das maiores autoridades judiciárias, um desembargador (ver Fantástico, rede Globo, www.globo.com/fantastico, de 25 de Maio de 2004, sobre o erro judiciário que possibilitou a fuga de um dos suspeitos do assassinato do empresário Schincariol), nosso Brasil que não tolera prostituição e que possui uma igreja católica atuante na defesa da moral. Ao mesmo tempo, o país que faz filmes basicamente sobre favelas e prostituição, prega uma época destinada a libertinagem física e sexual como o Carnaval (nada contra) e possui tantos ricos na cadeia como existe água no deserto.

Essa falsa moralidade me enoja, temos na TV mulheres mostrando o corpo e com movimentos obcenos, usando roupas que cobrem, mas apenas cobrem o principal, e ainda colam tanto que dá prá ver os relevos. Temos novelas com traição e sacanagem explícita, mas defendemos a moral e os bons costumes. Temos a luta da polícia contra os traficantes, quando na verdade sabemos que só existe oferta para o que é demandado, a droga existe pois existe alguém para consumí-la. Quando seremos objetivos, deixaremos de fingir que a moral que a igreja, os legisladores e os moralistas pregam nunca saiu do papel e é preciso uma abordagem diferente do problema. Quando iremos aprender com os erros dos outros ao invés de quebrar a cara? Já dizia a popular frase "Burro é aquele que persiste no erro, Inteligente é o que erra e não repete o erro, Sábio é aquele que vê os erros dos outros, e não comete o mesmo erro." Por isso, serei radical nesse comentário, LEGALIZE as drogas, deixe morrer se quiserem, invista em informação e recuperação de quem se arrepende, LEGALIZE a prostituição, faça impostos para que sejam usados na recuperação de lares e famíias destruídas por esses problemas que NÃO VÃO AUMENTAR, pois sempre estiveram ali, ao nosso lado, DESTAPE ESSA CORTINA QUE ENCOBRE A OBSCURIDADE da nossa sociedade. Sem ver a ferida, não há como tratá-la.

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